"Saiam agora!": como fizeram na semana passada, as autoridades australianas voltaram a pedir a alguns moradores, nesta quarta-feira (8), que deixem suas casas, à medida que uma onda de calor se aproxima, o que poderia atiçar ainda mais os dramáticos incêndios florestais que assolam vastas áreas no sul e leste do país.
O governo de Victoria pediu a algumas populações do leste que deixassem suas casas antes do aumento das temperaturas, enquanto que, no sul da Austrália, muitos habitantes de pequenas aldeias da ilha Kangaroo, ao sul de Adelaide, foram levados para locais seguros.
"Saiam! Saiam agora!", disse Lisa Neville, ministra da Polícia de Victoria, dirigindo-se à população nas áreas de risco. "Todos os avisos que lançamos têm apenas um propósito, salvar vidas", acrescentou.
A Austrália enfrenta incêndios florestais a cada primavera, mas, este ano, têm sido muito mais violentos. Isso se deve, entre outros motivos, por condições mais favoráveis às chamas provocadas pelo aquecimento global.
As autoridades confirmaram nesta quarta-feira a morte de um quarto bombeiro, elevando o número de vítimas fatais para 26 desde o início da crise, em setembro.
- Um bilhão de animais mortos?-
Mais de 2.000 casas foram reduzidas a cinzas e cerca de 80.000 km2 foram queimados em todo país, uma área equivalente à Irlanda.
Pesquisadores da Universidade de Sydney estimaram que 1 bilhão de animais morreram em incêndios em todo território. Este número inclui mamíferos, aves e répteis, mas não insetos ou invertebrados.
Na semana passada, a mesma universidade estimou que 480 milhões de animais haviam morrido somente em setembro no estado de Nova Gales do Sul.
Fumaça emitida pelos incêndios foi detectada na Argentina e no Brasil, a mais de 12.000 km do outro lado do Pacífico, segundo as agências meteorológicas desses países.
Apesar do clima mais frio e da precipitação em algumas partes do leste da Austrália, dezenas de incêndios continuam fora de controle, enquanto uma nova onda de calor é esperada.
O ano de 2019 foi o mais quente e seco desde o início das medições. O dia 18 de dezembro foi o dia mais quente da história, com uma média nacional de temperaturas máximas de 41,9°C.
Sem precedentes em sua magnitude, mesmo em uma ilha continental acostumada a incêndios, essa crise marca consideravelmente a opinião internacional.
Atletas e celebridades se mobilizam para ajudar a Austrália, enquanto muitos governos oferecem sua ajuda.
É provável que a crise continue por mais algumas semanas, e não se sabe qual será o custo financeiro.
No entanto, o Conselho de Seguros australiano anunciou que os pedidos de indenizações recebidos já totalizavam 700 milhões de dólares australianos (433 milhões de euros).
Criticado pela lentidão de sua resposta desde o início da crise, mas também por seu péssimo histórico na luta contra o aquecimento global, o primeiro-ministro conservador, Scott Morrison, prometeu fornecer, em dois anos, dois bilhões de dólares australianos (1,2 bilhão de euros) de receita tributária para um fundo nacional para ajudar as vítimas dos incêndios.