O Irã prometeu que anunciará neste sábado, 11, a causa da queda do Boeing 737 da Ukraine International Airlines (UIA) após a decolagem, em Teerã. Segundo a agência de notícias Fars, o anúncio ocorrerá após uma reunião da comissão que avalia os motivos do acidente, em que morreram as 176 pessoas a bordo. EUA, Canadá e Reino Unido disseram que um míssil russo disparado por engano pelos iranianos teria abatido a aeronave.
Um vídeo de 20 segundos, que foi divulgado por diversos meios de comunicação na quinta-feira, mostra um objeto luminoso que sobe rapidamente ao céu de Teerã e atinge o que parece ser um avião. Hoje, porém, o Irã voltou a negar a hipótese.
"Uma coisa é certa: este avião não foi atingido por um míssil", disse o presidente da Organização de Aviação Civil Iraniana (CAO), Ali Abedzadeh, em entrevista coletiva, em Teerã. "Confirmamos que o avião ficou em chamas por cerca de 60 ou 70 segundos". Segundo ele, "é cientificamente impossível que ele tenha sido atingido por algo".
De acordo com Abedzadeh, as informações nas caixas-pretas serão cruciais para a investigação. "Qualquer declaração antes da extração dos dados não é uma opinião de especialistas", afirmou. O acidente ocorreu na madrugada de quarta-feira, logo após o Irã disparar mísseis contra bases militares utilizadas pelos americanos no Iraque, em resposta ao assassinato pelos EUA do general iraniano Qassim Suleimani.
Ainda hoje, especialistas ucranianos tiveram acesso às caixas-pretas do Boeing 737 da UIA, informou o ministro das Relações Exteriores do país, Vadim Pristaiko. A Ucrânia enviou 50 especialistas para o Irã para participar das investigações. Mais cedo, o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, afirmou que a possibilidade de um míssil ter abatido o avião não pode ser descartada, mas ainda não foi confirmada
Autoridades dos EUA entregaram a Zelenski "dados importantes sobre a catástrofe", segundo anunciou o governo ucraniano. "Juntamente com o presidente Zelenski, nos reunimos com autoridades americanas e recebemos informações que serão analisadas por nossos especialistas", disse Pristaiko.
A agência canadense de segurança nos transportes também aceitou um convite da autoridade de aviação civil iraniana para participar da investigação. Havia muitos canadenses na aeronave. Na quinta-feira, o Irã convidou a Boeing, fabricante americana do avião, para participar da investigação.
Otan defende 'investigação exaustiva'
O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, afirmou hoje, ao chegar a uma reunião de ministros da União Europeia em Bruxelas, que o avião "pode ter sido derrubado" pelos sistemas de defesa antiaérea do Irã e pediu uma "investigação exaustiva" com a cooperação do governo iraniano.
"Não vou entrar em detalhes sobre nossas informações. O que posso dizer é que não temos razões para não acreditar nos relatórios de diferentes aliados, às quais tivemos acesso, e expressamos preocupação com a informação de que o avião pode ter sido abatido pelos sistemas de defesa aérea iranianos", disse Stoltenberg. Segundo ele, "é exatamente por isso que uma investigação minuciosa é necessária".
A Comissão Europeia também pediu uma "investigação transparente e independente" do acidente. "Ainda não há provas conclusivas do que causou a queda do Boeing", afirmou o porta-voz europeu Stefan de Keersmaecker. (Com agências internacionais)
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