A rainha Elizabeth II, confrontada com a renúncia dos dois membros mais jovens e populares da realeza britânica, anunciou nesta segunda-feira (13) um "período de transição" para o neto, Harry, e a esposa dele, Meghan, abandonarem seus deveres reais, como desejam.
"Embora tivéssemos preferido que eles permanecessem membros em tempo integral da família real, respeitamos e entendemos seu desejo de viver uma vida mais independente, então acordamos um período de transição" em que residirão entre o Canadá e o Reino Unido, disse a monarca em comunicado.
Participaram da reunião a rainha, seu filho, Charles - herdeiro do trono - e os filhos dele, William e Harry. Meghan teria participado por telefone depois de ter viajado na semana passada para o Canadá, onde está com seu filho Archie, de oito meses.
Chocando o país e surpreendendo a família real, a qual não consultaram antes de tomar sua decisão, Harry, de 35 anos, e Meghan, de 38, duques de Sussex, anunciaram na semana passada que estavam abandonando seus deveres como membros de primeiro plano da realeza, apesar de não renunciarem a seus títulos nobreza e continuarem "apoiando a rainha", podendo representá-la, se necessário, em atos oficiais ou no exterior.
Eles explicaram que deixariam o sistema oficial de cobertura da mídia, dividiriam seu tempo entre o Reino Unido e a América do Norte e buscariam um pouco de "independência financeira".
"Harry e Meghan deixaram claro que não querem depender de recursos públicos em suas novas vidas", disse a rainha na segunda-feira, explicando que são "questões complexas a resolver", por isso foi acordado estabelecer um "período de transição", cuja duração não foi especificada.
"Há mais trabalho a ser feito, mas solicitei decisões finais nos próximos dias", afirmou.
- Dinheiro, títulos e negócios -
Embora estivessem expressando suas dificuldades em apoiar a pressão da mídia há algum tempo, a decisão de Harry, sexto na linha de sucessão, e Meghan, ex-atriz americana que deixou sua carreira ao entrar na família real, abalou o país e chocou o clã Windsor. Especialmente porque o casal, elogiado por alguns por sua modernidade e criticado por outros por se rebelar contra as regras, mas querendo manter privilégios e títulos nobres, não notificou a família de sua decisão antes de causar o terremoto real.
De acordo com a imprensa britânica, na reunião de Sandringham seriam abordadas questões como a alocação financeira que o príncipe Charles dá ao casal de sua fortuna pessoal - a principal renda dos duques -, seus títulos nobreza e que tipo de negócios que eles podem empreender.
O casal registrou a marca "Sussex Royal", que abrange desde cartões postais a roupas, passando por consultoria ou campanhas de caridade.
O desejo atual de Harry e Meghan de querer viver ao mesmo tempo como príncipes, mas desfrutando dos privilégios de cidadãos anônimos é uma "mistura tóxica", nas palavras de David McClure, especialista em finanças reais.
E a opinião pública parece olhar com desagrado por sua decisão: a maioria acredita que devem desistir de todo o apoio econômico da realeza e que Harry não deve mais figurar na linha de sucessão ao trono.
- Conflito com a imprensa -
Harry, que antes de se casar era conhecido como o membro mais problemático da família real britânica, sempre teve um relacionamento difícil com a imprensa e recentemente se queixou de vários jornais alegando que eles estavam assediando a esposa, assim como fizeram com a mãe dele, Diana - morta em um acidente de carro em paris, em 1997, quando era perseguida por paparazzi.
Depois de elogiar sua chegada à família real como um sopro de ar fresco, a imprensa sensacionalista britânica começou a criticar Meghan por seus supostos caprichos e estilo de vida luxuoso.
Harry e seu irmão William, de 38 anos, se uniram nesta segunda para denunciar, em um comunicado incomum, uma informação falsa sobre sua relação a um jornal.
"O uso de linguagem incendiária dessa maneira é ofensivo e potencialmente prejudicial", disseram eles sem especificar a que jornal se referiam.
Citando uma fonte próxima à família, o Times disse nesta segunda-feira que Harry e Meghan se consideravam "rejeitados pelo que consideravam uma atitude de intimidação pelo duque de Cambridge", William.
Essas declarações foram refutadas por fontes próximas a ambos.