O marechal rebelde Khalifa Haftar está disposto a respeitar o cessar-fogo na Líbia - disse o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas, nesta quinta-feira (16), após uma reunião com o líder militar que controla o leste do país.
Haftar também está disposto a participar da conferência internacional sobre a Líbia, organizada para o próximo domingo em Berlim, tuitou o ministro Heiko Maas.
"Durante minha visita hoje (quinta-feira) à Líbia, o general Haftar deixou claro que deseja contribuir para o sucesso da conferência líbia em Berlim e, em princípio, está disposto a participar dela. Ele também concordou em respeitar o cessar-fogo", acrescentou o ministro alemão, após as negociações em Benghazi.
Maas viajou para se encontrar com Haftar na cidade de Benghazi, leste da Líbia - um dos bastiões do general -, na tentativa de convencê-lo a participar da iniciativa de paz.
Na terça, Haftar deixou Moscou sem assinar um acordo de trégua aceito por seu rival, Fayez al-Sarraj, o que representa um revés para a próxima conferência internacional sobre a Líbia em Berlim.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, garantiu que seu país continuará trabalhando em conjunto com a Turquia para conseguir uma trégua duradoura na Líbia.
Sarraj, chefe do governo líbio reconhecido pela ONU, o GNA, e Haftar, cujas tropas estão posicionadas na periferia de Trípoli há nove meses, não se encontraram pessoalmente em Moscou, mas negociaram um acordo de trégua com mediação dos ministros das Relações Exteriores e da Defesa da Rússia e da Turquia.
Sarraj assinou o texto que formaliza a trégua, mas seu rival deixou Moscou sem fazê-lo, depois de pedir algumas horas para refletir.
Essa reunião em Moscou foi o resultado de um acordo sobre um cessar-fogo alcançado em 8 de janeiro em Istambul pelo presidente russo, Vladimir Putin, e Erdogan, que mostram sua influência no caos que prevalece na Líbia, frente a uma comunidade internacional impotente.
Já Sarraj anunciou que participará das conversas de Berlim realizadas sob patrocínio da Nações Unidas.
O enviado da ONU para a Líbia, Ghassan Salamé, afirmou na véspera que espera um consenso internacional mínimo na conferência para fazer a paz avançar em um país devastado por conflitos desde a queda de Muammar Khadafi, há oito anos.
A conferência reunirá os países que apoiam os chefes rivais, ou aqueles que estejam, de algum modo, envolvidos no processo de paz. Entre estes atores, estão Rússia, Turquia, Estados Unidos, Itália e França.
Seu principal objetivo é reduzir a ingerência externa e criar condições favoráveis para a volta ao diálogo entre as partes, com um cessar-fogo duradouro.
Mergulhada no caos desde a queda de Khadafi em 2011, a Líbia hoje é disputada por duas autoridades: o Governo de Acordo Nacional (GNA), baseado em Trípoli e reconhecido pela ONU; e as forças do marechal Khalifa Haftar, no leste do país.