Mais de três mil emigrantes hondurenhos em caravana, buscando chegar ao Estados Unidos para fugir da pobreza e da violência, avançaram pela Guatemala, nesta quinta-feira (16), com os movimentos observados pela polícia local e por funcionários da migração americanos.
Mais cedo, ao menos mil emigrantes romperam uma barreira policial na fronteira guatemalteca. Eles cruzaram o posto fronteiriço de Agua Caliente para se juntar aos outros compatriotas, como registrou um fotógrafo da AFP.
Dezenas de policiais guatemaltecos foram enviados de locais próximos às fronteiras para verificar se os hondurenhos que avançavam pelo território passariam pelo controle migratório, requisito para entrar no país, conforme acordos regionais.
Da mesma forma, observam as crianças, para garantir que estejam acompanhadas dos pais ou de algum tutor. Segundo o previsto no acordo, o controle da caravana é apoiado pelos EUA, que disponibilizou alguns funcionários da Alfândega e Proteção de Fronteiras dos E.U.A. (CBP, na sigla em inglês), informou um porta-voz da embaixada americana na Guatemala.
O apoio e a capacitação de agentes fronteiriços da Guatemala fazem parte do convênio migratório surgido após as primeiras caravanas, em 2018.
Antes da passagem da nova caravana, Guatemala e Estados Unidos realizaram operações nas estradas para identificar emigrantes sob este acordo, que inclui a assessoria para a detecção de criminosos.
Os emigrantes hondurenhos, incluindo inúmeras crianças, saíram a partir da noite de terça-feira de San Pedro Sula, 180 km ao norte de Tegucigalpa, e desde a quarta-feira começaram a entrar na Guatemala, onde acabaram se dispersando.
As autoridades guatemaltecas informaram que até o momento 1.612 hondurenhos teriam apresentado a documentação necessária para passar pelo posto de Agua Caliente, e outros 662 passaram pelo posto fronteiriço de El Cinchado, no Caribe. Um total de 2.274 pessoas.
"Aqui vamos em frente, rumo ao sonho americano", disse à AFP Kelvin Ramos, na Casa do Migrante da Igreja Católica no povoado de Esquipulas, que faz fronteira com Honduras.
"É melhor andar, fugir do país", disse Mariano de Jesus, um emigrante que estava esperando passar para a Guatemala, e aproveitou para queixar-se do presidente hondurenho, Juan Orlando Hernández, sobre a situação de pobreza em seu país.
"Dizem que pagam bem nos EUA para pintar casas", declarou Ramos, que trabalha com essa função em Honduras.
O fenômeno causou a ira do presidente dos EUA, Donald Trump, que pressionou a Guatemala, Honduras e El Salvador a assinar acordos para impedir as ondas migratórias.
Milhares de hondurenhos, salvadorenhos e guatemaltecos começaram a partir do último trimestre de 2018 a atravessar o México para chegar aos Estados Unidos, fugindo da violência e da pobreza em seus países.
Esta nova caravana já está avisada de que não terá permissão para entrar no México, informou o presidente da Guatemala, Alejandro Giammattei, na última quarta-feira.