A orquestra da Ópera de Paris, em greve há um mês e meio, ofereceu neste sábado (18) um concerto na escadaria do Palácio Garnier, com representantes de vários grupos profissionais, contrários à reforma da Previdência.
Diante de uma multidão de parisienses, turistas e professores em greve, a orquestra e o coro da Ópera de Paris interpretaram uma ária de "Troianos", ópera de Berlioz, que tradicionalmente acompanha o desfile anual do Balé da Ópera.
Também constou do programa "Le Trouvère", de Verdi, e "Carmen", de Bizet, antes de terminar com "A Marselhesa", hino nacional francês, sob uma chuva de confete, aplausos e gritos de "Viva a greve!", dos espectadores.
Para José Sciuto, um dos executivos do ateliê de cenografia da Ópera de Paris, trata-se de pedir "a retirada da reforma das pensões. Com ações deste tipo, abertas ao público, buscamos fazer ouvir nossas demandas, nossa voz", explica.
Representantes de diferentes grupos profissionais da Ópera Garnier desfilaram ao redor da orquestra, tendo como pano de fundo cartazes como "Cultura em perigo" e "Teatro francês em greve", aclamados pelos espectadores.
Em dezembro, as imagens de uma versão 'pocket' do balé "O Lago dos Cisnes" no átrio, também como forma de protesto contra um projeto governamental de reforma previdenciária, deram a volta ao mundo.
Em um mês e meio de greve, 67 espetáculos foram cancelados pela Ópera de Paris, entre eles três representações do "Barbeiro de Sevilha" nos últimos dias.
A Ópera de Paris é a única instituição cultural, junto com a Comédie Française, com um regime especial.
Com perdas superiores a 14 milhões de euros, a greve histórica na Ópera de Paris ameaça se estender na falta de um compromisso entre seus artistas e maquinistas, arraigados ao seu regime especial de pensões e o governo francês.