Os democratas concluíram nesta sexta-feira sua alegação inicial no julgamento do processo de impeachment no Senado do presidente Donald Trump, onde foi acusado de encobrir a tentativa de pressionar o governo ucraniano em benefício próprio.
Os democratas buscam romper a sólida unidade da bancada republicana no Senado, que com a maioria de 53 a 47 provavelmente absolverá o presidente de ambas as acusações por abuso de poder e obstrução do Congresso.
"O presidente tentou trapacear, foi pego e depois trabalhou duro para encobri-lo ", disse o congressista democrata Hakeem Jeffries durante sua alegação.
Segundo a acusação, Trump abusou de seu poder quando tentou pressionar a Ucrânia para interferir nas eleições de 2020 a seu favor, sugerindo ao presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, que investigasse os negócios do filho de Joe Biden.
O ex-vice de Barack Obama é um dos favoritos entre os pré-candidatos democratas às eleições presidenciais de novembro.
A congressista Val Demings disse que, por ordem do presidente, seis gabinetes do governo ignoraram 71 pedidos diferentes de informações, incluindo cinco citações, durante a fase de investigação conduzida pela Câmara de Representantes.
O congressista democrata Adam Schiff, promotor no processo em que os 100 senadores são jurados, encerrou sua alegação na quinta-feira dizendo com voz embargada que "não se pode confiar que este presidente faça o que é bom para o país".
"Então ele deve ser destituído", declarou Schiff, que liderou a investigação na Câmara de Representantes.
Segundo os democratas, Trump pressionou a Ucrânia sob ameaça de reter cerca de US$ 400 milhões em ajuda militar, para um país que enfrenta um conflito com rebeldes pró-Rússia em seu território.
Este é o último dia das alegações iniciais dos democratas, que a dez meses das eleições querem que as audiências mobilizem o eleitorado.
Mas a busca por apoio de algum senador dissidente tem sido ilusória para os democratas.
"Eles não querem ouvir", disse nesta sexta o líder democrata do Senado, Chuck Schumer, numa entrevista coletiva.
- Farsa -
De sábado a terça-feira - com recesso no domingo - a defesa do presidente tomará a palavra.
Jordan Sekulow, um dos membros da defesa de Trump, desqualificou os argumentos democratas como "mais do mesmo, uma política hiper-partidária sob forma de jargão jurídico".
"Vamos defender o caso do presidente porque ele estava agindo totalmente de acordo com seus direitos constitucionais", disse à Fox News.
"Não há dúvida de que o presidente não será destituído", acrescentou Sekulow.
O presidente minimizou novamente nesta sexta-feira o processo contra ele, afirmando ser uma "farsa".
"As mesmas coisas antigas nessa farsa de julgamento político. Eles querem usar o tempo todo, mesmo que não seja certo. Eles podem voltar a trabalhar para o nosso grande povo americano", escreveu o presidente no Twitter.
Perto do Senando, Trump acompanhou uma manifestação contra o aborto, tornando-se o primeiro presidente americano a participar da "Marcha pela Vida", uma concentração que é repetida todos os anos para repudiar a decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos de permitir a interrupção do processo gravidez desde 1973.
O presidente, que há duas décadas havia declarado estar mais próximo do direito de escolha, agora está ao lado do eleitorado conservador, uma posição que ele deixou clara ao nomear juízes conservadores para Suprema Corte.
Após as alegações da acusação e da defesa, os dois partidos terão um total de 16 horas para responder às perguntas feitas por escrito pelos senadores.
Após essa fase, eles devem decidir por maioria simples se desejam continuar o processo chamando novas testemunhas, conforme exige a acusação.
Caso contrário, eles devem votar a culpabilidade do presidente. É necessária uma maioria de dois terços para destituí-lo, o que no momento parece improvável.