Jornal Estado de Minas

Menina brasileira é isolada em hospital das Filipinas com suspeita de coronavírus


Uma menina brasileira de 10 anos está internada num hospital das Filipinas, sob suspeita de ter sido contaminada pelo coronavírus, segundo informações dadas pela equipe médica que cuida da paciente à reportagem da rede americana CNN nas Filipinas. De acordo com o site da rede americana de notícias, a criança e sua família vivem em Wuhan, na China, epicentro do surto do novo tipo de vírus, e chegaram à cidade de Puerto Princesa, em Palawan, na quarta-feira para passar as férias.



O chefe da equipe médica do Ospital ng Palawan, Audie Cipriano, informou que a menina foi levada ao hospital no sábado, apresentando febre. A recomendação foi de que além de permanecer em isolamento por um período de cinco a 14 dias, ela e familiares devam fazer exame para confirmar a contaminação pelo vírus. “Parece que os sintomas estão diminuindo, mas ainda estamos aconselhando que a criança brasileira seja submetida a teste confirmatório”, disse Cirpriano.
Uma criança de Taiwan também foi internada no mesmo hospital com os sintomas da criança brasileira, ainda de acordo com o site da CNN Philippines. O secretário de Saúde Francisco Duque disse à CNN Filipinas que os exames das duas meninas serão encaminhados aos Instituto de Pesquisa em Medicina Tropical do país. O novo coronavírus, que se acredita ser primo do coronavírus da Síndrome Respiratória Aguda Grave, deixou 56 pessoas mortas na China continental.
 
Ainda ontem, autoridades americanas confirmaram o quinto caso de infecção por coronavírus no país. Assim como os casos confirmados anteriormente, o quinto paciente chegou aos Estados Unidos nos últimos dias, depois de ter viajado a Wuhan. O consulado americano em Wuhan informou que pode retirar da cidade funcionários e cidadãos americanos.


 
Segundo a Organização Mundial da Saúde, os sinais comuns de infecção por coronavírus incluem sintomas respiratórios, febre, tosse, falta de ar e dificuldades respiratórias. Em casos mais graves, pode causar pneumonia, síndrome respiratória aguda grave, insuficiência renal e atémorte.
 
A China reforçou as medidas de prevenção e restrições para impedir a propagação da epidemia de pneumonia viral que já teria provocado quase 2.000 infecções, enquanto os Estados Unidos e a França se preparam para evacuar seus cidadãos de Wuhan. A cidade de 11 milhões de habitantes está em quarentena desde quinta-feira da semana passadda, assim como grande parte da província de Hubei, da qual é a capital, no centro do país.
 
Essa medida sem precedentes, que afeta dezenas de milhões de pessoas, tem como objetivo conter a propagação da epidemia, que o presidente chinês Xi Jinping chamou de ameaça “grave”. As autoridades de saúde chinesas disseram ontem que esse novo coronavírus “não é tão potente” quanto o vírus da Sars (Síndrome Respiratória Aguda Grave), a origem de uma epidemia mortal em 2002-2003, mas mais contagiosa.


 
Pico em fevereiro A taxa de mortalidade desse coronavírus “é inferior a 5%”, na avaliação do professor francês Yazdan Yazdanpanah, especialista da Organização Mundial da Saúde (OMS), em comparação com 9,5% da SARS, que deixou 774 mortos no mundo todo, incluindo 349 na China continental e 299 em Hong Kong. Gui Xi'en, especialista em doenças infecciosas da Universidade Wuhan, disse que o número de infecções pode atingir um “pico” por volta de 8 de fevereiro, antes de diminuir.
 
“Agora, o número de novos pacientes diagnosticados está aumentando dia a dia, mas não deve demorar muito para atingir seu pico”, disse o especialista ao jornal estatal Diário do Povo. Com drástica redução das comemorações do ano novo na China, viagens ficaram também restritas e as pessoas usam máscara para se proteger em vários locais turísticos como a Cidade Proibida, em Pequim.
 
Fora do epicentro da doença, quatro cidades – incluindo Pequim e Xangai – anunciaram a suspensão da circulação de ônibus de longa distância, uma medida que afetará milhões de pessoas que viajam por ocasião do feriado do ano novo chinês.


 
Além disso, a província de Guangdong, a mais populosa da China, impôs ontem a seus 110 milhões de habitantes a obrigação de usar máscara respiratória. Essa imposição, também aplicada na província de Jiangxi e em outras grandes cidades. já está em vigor em Wuhan. Ontem, o vírus fez sua primeira vítima fatal em Xangai, grande metrópole financeira do leste do país. O patógeno se espalhou por vários outros países, tão distantes quanto a França, os Estados Unidos, Austrália e Canadá.
 
Enquanto isso, na Europa, os três primeiros casos foram detectados na França na sexta-feira da semana passada. O país vai repatriar seus cidadãos da região de Wuhan no meio da semana, anunciou a ministra da Saúde, Agnès Buzyn. A associação francesa de operadores turísticos recomendou a suspensão de viagens organizadas à China até 21 de fevereiro. Outras infecções confirmadas ou suspeitas foram detectadas no Japão, Singapura, Malásia, Coreia do Sul, Taiwan, Tailândia, Vietnã e Nepal. O Japão e a Coreia do Sul também tomam medidas para repatriar seus cidadãos na zona de risco.

Protesto em Hong Kong

Manifestantes lançaram coquetéis molotov contra um prédio desocupado em Hong Kong que foi escolhido para ser uma área de quarentena para pessoas que podem ser portadoras do novo tipo de coronavírus, informou a polícia. “Esses atos destrutivos representam uma séria ameaça à segurança das pessoas”, disse a polícia de Hong Kong em comunicado. As autoridades de Hong Kong decretaram a epidemia que começou no centro da China uma emergência pública e anunciaram uma série de medidas no sábado.


Até o momento, seis casos foram detectados no território autônomo. Entre as medidas adotas, está a transformação de um prédio recentemente concluído, mas ainda vazio, no distrito de Fanling, em local de quarentena temporária. Dezenas de pessoas se reuniram ontem perto do prédio escolhido e protestaram contra a instalação. Algumas pessoas bloquearam as ruas e jogaram coquetéis molotov no prédio. Depois que a manifestação foi dispersada pela polícia, o Centro de Proteção à Saúde disse que os planos para transformar o prédio em um centro de quarentena estavam suspensos.