O corpo de um homem morto permaneceu por várias horas em uma calçada de Wuhan, a cidade chinesa epicentro da epidemia do novo coronavírus, antes de ser levado pelos serviços de emergência.
O homem, com idade por volta de 60 anos, usava uma máscara de proteção. Ele foi encontrado deitado, com o rosto virado para cima e os braços estendidos ao longo do corpo.
Ainda não é possível estabelecer uma relação entre sua morte e o novo coronavírus que já provocou 213 vítimas fatais na China, a grande maioria em Wuhan e sua região.
A quarentena imposta em Wuhan na semana passada e a proibição de tráfego de carros esvaziaram as ruas, o que explica o relativo anonimato da pessoa encontrada morta.
Um correspondente da AFP viu o corpo na manhã de quinta-feira diante de uma loja de móveis. Policiais e membros do serviço de emergência, com trajes de proteção, chegaram pouco em seguida.
O homem morreu a poucos metros do hospital número 6 de Wuhan, um dos principais centros médicos reservados ao tratamento de pessoas afetadas pelo vírus.
A polícia e as autoridade de saúde locais, procuradas pela AFP, não apresentaram respostas sobre as condições da morte.
Depois de examinar os corpos, os médicos colocaram um lençol azul sobre o corpo.
Policiais visivelmente nervosos cercaram o corpo com caixas de papelão para impedir a visão até a chegada dos legistas.
Após o exame, os agentes retiraram os trajes de proteção e receberam um produto desinfectante.
"É terrível", disse uma moradora, ao relatar que os médicos, muito ocupados, não conseguiram atender a vítima de forma imediata. "Muitas pessoas morreram nos últimos dias", afirmou.
A mulher, muito afetada, impediu que um homem se aproximasse do corpo, alegando que a causa do óbito poderia ser o novo coronavírus.
Um homem que fumava perto do local foi obrigado pela polícia a apagar o cigarro e a colocar uma máscara, como é obrigatório na cidade há vários dias. Ele obedeceu de maneira imediata.
As autoridades chinesas adotaram medidas drásticas para conter a propagação do vírus. O governo comunista determinou o isolamento de mais de 50 milhões de pessoas em Wuhan e na província de Hubei (centro).
O governo está construindo dois novos hospitais que, em tese, devem ser inaugurados na próxima semana para absorver o fluxo de pacientes.
No período de pouco mais de duas horas no local do incidente, o correspondente da AFP viu pelo menos 15 ambulâncias nas ruas, em resposta a pedidos de socorro.
Depois de permanecer na calçada por mais de duas horas, o corpo foi levado em uma maca até um veículo especial.
Em seguida, os policiais e a equipe médica iniciaram a limpeza do local em que o cadáver foi encontrado.