Jornal Estado de Minas

OMS declara emergência internacional ante propagação do coronavírus

Vários países intensificaram as medidas de precaução, protegem suas fronteiras e repatriam seus cidadãos da China nesta sexta-feira para conter a propagação do coronavírus de Wuhan, que já deixou 213 mortos no país, uma situação que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar emergência internacional.



As autoridades chinesas anunciaram nesta sexta-feira que o balanço de vítimas fatais pela epidemia subiu para 213, com quase 10.000 casos confirmados de contaminação e 102.000 pessoas em observação.

O balanço atualizado sugere que o registro diário de mortes continua crescendo de forma constante, apesar das medidas sem precedentes adotadas na província de Hubei há uma semana.

Com este cenário, o governo dos Estados Unidos pediu a seus cidadãos que evitem viajar a China.

Em um comunicado oficial, o Departamento de Estado emitiu uma advertência de viagem de nível quatro, para pedir aos americanos que "não viajem" à China devido à epidemia.

Outros países decidiram vetar a entrada em seu território de passageiros procedentes da China, como Mongólia, Singapura e Israel, enquanto as operações para retirar estrangeiros prosseguem na região afetada.

Após uma reunião em Genebra na quinta-feira, a OMS declarou emergência internacional pela epidemia, depois de fortes críticas pela demora da organização em alertar sobre a gravidade da situação.



"Declaro a epidemia uma emergência de saúde pública de alcance internacional", disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

"Nossa maior preocupação é a possibilidade de que o vírus se propague para países com sistemas de saúde mais frágeis (...) Não significa que desconfiamos da China", declarou.

Ao mesmo tempo, o diretor-geral afirmou na quinta-feira que a entidade não apoia a restrição de viagens de ou para a China. "A OMS não recomenda e de fato se opõe a qualquer restrição" a viagens e comércio, disse.

- Primeiros casos no Reino Unido e Rússia -

Wuhan, uma cidade de quase 11 milhões de habitantes, está literalmente isolada do mundo desde 23 de janeiro em uma tentativa conter a propagação da epidemia.

As 56 milhões de pessoas que vivem na área isolada, na província de Hubei, não podem sair da região. Entre elas estão milhares de estrangeiros.

O número de pacientes infectados na China continental é muito superior às 5.327 pessoas infectadas em 2002 e 2003 pela SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave), um coronavírus que deixou 774 mortos no mundo há quase 20 anos, 349 deles na China.



Embora a maior parte dos casos tenha sido registrada na China, principalmente na província de Hubei e na cidade de Wuhan, 20 países declararam casos, sobretudo em pessoas procedentes da China.

No Reino Unido foram confirmados os dois primeiros casos nesta sexta-feira, duas pessoas da mesma família. As autoridades afirmaram que os pacientes estão sendo tratados por especialistas.

A Rússia também confirmou os dois primeiros casos por este coronavírus em seu território e anunciou que vai retirar seus cidadãos de várias regiões chinesas.

- Repatriação de cidadãos chineses -

Diante da decisão de várias companhias aéreas de suspender ou reduzir os voos para a China, o governo de Pequim anunciou a decisão de enviar aviões para repatriar seus cidadãos no exterior, em particular aqueles naturais de Wuhan, epicentro da epidemia.

Esta decisão se deve às "dificuldades práticas que os cidadãos de (província de) Hubei, especialmente os da cidade de Wuhan, estão enfrentando no exterior", disse Hua Chunying, porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Hua Chunying.

Em sentido contrário, os governos dos Estados Unidos e Japão recomendaram a seus habitantes que evitem as viagens à China.



Outros países optaram por fechar as fronteiras aos viajantes procedentes da China, como anunciaram Singapura e Mongólia nesta sexta-feira, uma medida similar à anunciada por Israel na véspera.

Ao mesmo tempo, vários países iniciaram operações para resgatar seus cidadãos.

Na Itália, que declarou estado de emergência nesta sexta-feira, um cruzeiro com 7.000 pessoas a bordo foi isolado no porto de Civitavecchia, na região de Roma, por casos suspeitos de coronavírus. Os exames preliminares de uma passageira chinesa descartaram a presença de infecção.

- Operações de retirada -

Estados Unidos e Japão foram os primeiros países a retirar na quarta-feira alguns de seus cidadãos. Para esta sexta-feira estava programada a viagem de 100 europeus em um avião fretado pelo Reino Unido. A Alemanha anunciou a saída de mais de 100 pessoas em um avião do exército.



Itália, Espanha e Canadá anunciaram operações similares.

Um avião com 200 passageiros procedentes de Wuhan pousou nesta sexta-feira no sul da França. As pessoas resgatadas devem permanecer em isolamento durante 14 dias e passar por exames em um local especialmente preparado na região de Marselha.

Dos 195 americanos que chegaram na quarta-feira a uma base militar na Califórnia nenhuma apresentava sintomas do vírus. Todos permanecerão isolados durante 72 horas.

No Japão, de um grupo de 206 repatriados, três estavam infectados. O país já tinha oito casos registrados previamente.

Grandes empresas como Toyota, IKEA, Starbucks, Tesla, McDonald's e a gigante da tecnologia Foxconn decidiram suspender de forma temporária sua produção ou fechar as lojas na China.