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Estado de Minas

Em momento histórico, Reino Unido conclui o Brexit e deixa a União Europeia

'Isso não é um final, mas um começo', disse o primeiro-ministro, Boris Johnson, em comunicado


postado em 31/01/2020 21:07 / atualizado em 31/01/2020 21:34

O acontecimento de hoje é considerado simbólico porque quase nenhuma novidade deve existir(foto: DANIEL LEAL-OLIVAS / AFP )
O acontecimento de hoje é considerado simbólico porque quase nenhuma novidade deve existir (foto: DANIEL LEAL-OLIVAS / AFP )
O Reino Unido deixou oficialmente a União Europeia nesta sexta-feira (31), três anos e meio depois do referendo no qual 52% dos britânicos votaram a favor do Brexit, com o desejo de recuperar a soberania plena.


Às 23h locais (20h de Brasília), meia-noite na Europa continental, o Reino Unido se tornou o primeiro país a deixar o bloco europeu, em meio a gritos de "Liberdade!" dos partidários do Brexit e à tristeza de seus detratores.

 

Ver galeria . 5 Fotos Com gritos de felicidade, uma maré de cidadãos pró-Brexit comemorou em grande festa em frente ao ParlamentoAFP
Com gritos de felicidade, uma maré de cidadãos pró-Brexit comemorou em grande festa em frente ao Parlamento (foto: AFP )
 


"Isso não é um final, mas um começo", disse o primeiro-ministro, Boris Johnson, em comunicado a nação.


"Sei que podemos transformar essa oportunidade em uma vitória impressionantemente", acrescentou o homem que, ao finalizar anos de crise política que culminaram na renúncia dos seus antecessores, David Cameron e Theresa May, despontou com um enorme reconhecimento.


Um relógio instalado na fachada da Downing Street fazia a contagem regressiva para o momento em que, pela primeira vez na história, a UE perdeu um membro e ganhou um forte adversário.


"Queremos que esse seja o começo de uma nova era de cooperação cordial", que organizou uma recepção em sua residência oficial regada ao melhor do vinho nacional e com aperitivos tradicionalmente ingleses.


Em Bruxelas, a bandeira britânica foi retirada da fachada do Conselho Europeu.


O acontecimento de hoje é considerado simbólico porque até a transição oficial se completar, com previsão para o final de dezembro, quase nenhuma novidade deve existir.

- Felicidade e lágrimas -

Com gritos de felicidade, uma maré de cidadãos pró-Brexit comemorou em grande festa em frente ao Parlamento, que por três anos foi palco de debates acalorados sobre a questão mais importante na história do país nos últimos anos.


"Somos uma nação soberana, somos britânicos e não gostamos que nos digam o que temos que fazer", disse à AFP John Moss, de 44 anos, diretor de uma empresa de RH.


Horas antes, algumas pessoas tinham queimado uma bandeira da União Europeia.


A poucos metros, os detratores do Brexit, entre eles jovens que não votaram no referendo em 2016 e agora veem o futuro incerto, derramavam lágrimas.


"Sinto pena, tristeza. É muito terrível tudo que está acontecendo", disse Katrina Graham, de 31 anos.


Na Escócia, nação semi-autônoma que votou majoritariamente contra o Brexit, a novidade não foi bem recebida.


"Essa tristeza traz muita raiva", afirmou a primeira-ministra Nicola Sturgeon, prometendo "fazer todo o possível" para realizar um novo referendo de independência.


Na Irlanda do Norte, onde se teme que o Brexit desestabilize a frágil paz que colocou fim ao sangrento conflito que durou mais de três décadas, uma faixa foi levantada em Belfast, na qual estava escrito: "Essa ilha rejeita o Brexit".


- 47 anos de uma relação complicada -


Em 1973, o Reino Unido entrou na Comunidade econômica Europeia, antecessora a UE, após sofrer vetos da França, em 1963 e 1967, preocupada que os britânicos fossem como um cavalo de Troia para o Estados Unidos.


A relação, no entanto, sempre foi complicada: os britânicos não adotaram a moeda única e a livre circulação de pessoas, além de pedirem para contribuir com uma menor quantia para o orçamento europeu e sempre ter se mostrado contra a integração política.


Apesar desse histórico, o resultado do referendo surpreendeu a todos.


- "Isolamento esplêndido" -


Retomando um período de política externa britânica que remete ao século XIX, quando o país se mantinha à margem do continente europeu, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, alertou para os perigos desse "isolamento esplêndido".


A partir de agora, Johnson terá que prosseguir com a difícil missão de não somente negociar tratados comerciais com a UE, mas com o Estados Unidos.


"Agora poderão fazer as coisas de forma diferente", afirmou o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, ressaltando os "enormes benefícios" dessa nova liberdade.


No entanto, as negociações não serão fáceis: Washington pressionará para que Londres seja mais contornável em relação às medidas de Saúde e Ambientais, enquanto Bruxelas pedirá que os padrões laborais e ecológicos sejam mantidos.


O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, afirmou que a Europa se manterá muito firme nessas negociações e não aceitará possíveis políticas desleais.


O chefe da diplomacia americana, Mike Pompeo, declarou pelo Twitter que os Estados Unidos continuarão mantendo laços fortes com o Reino Unido, após sua saída da União Europeia.


"Me alegra que o Reino Unido e a UE tenham acordado um acordo do #Brexit que respeita a vontade do povo britânico. Continuaremos construindo sobre nossa relação forte, produtiva e próspera com o Reino Unido enquanto entrarem neste próximo capítulo", escreveu Pompeo.


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