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Estado de Minas

Romney, o republicano que votou pelo impeachment de Trump sente o rigor do partido


postado em 07/02/2020 15:49

Mitt Romney esperava ser assediado "com veemência" e sua previsão não demorou a acontecer. O veterano do Partido Republicano, que votou pela destituição do presidente Donald Trump no julgamento político no Senado, não precisou esperar muito para sofrer represálias.

Trump já o assediou reiteradamente, e membros leais ao presidente no Senado pediram sua expulsão do Partido Republicano.

Este talvez tenha sido o capítulo final da relação ambígua entre Romney e Trump, que chegou ao poder em 2016 e fomentou um feroz senso de lealdade dentro do Partido Republicano.

Abastado e ideologicamente moderado, Romney foi no passado uma figura respeitada no partido. Foi candidato para enfrentar Barack Obama nas eleições presidenciais de 2012, sem sucesso. Quase se tornou o primeiro secretário de Estado de Trump.

Mas agora entrará nos anais como o único republicado a votar pelo impeachment de Trump, absolvido na quarta-feira pelo Senado.

"O presidente é culpado de um terrível abuso de confiança pública", disse Romney em seu discurso no Senado, criticando a conduta de Trump como "um ataque flagrante" aos valores americanos.

Romney se tornou o primeiro senador da história dos Estados Unidos a votar pela destituição de um presidente de seu próprio partido, um feito sem precedentes nos julgamentos políticos de Andrew Johnson em 1868 e Bill Clinton em 1999.

O senador disse ter recorrido à sua profunda fé mórmon para tomar "a decisão mais difícil" da sua vida. Mas Trump, comemorando a própria absolvição, apontou diretamente para ele.

"Não gosto de gente que usa a sua fé como justificativa para fazer o que sabe que é errado", disse em um café-da-manhã de oração nacional, na quinta-feira.

Se Romney tivesse "dedicado a mesma energia e raiva para derrotar um hesitante Barack Obama como fez comigo, poderia ter vencido as eleições", tuitou Trump.

- Relação tensa -

A relação entre Romney e Trump teve altos e baixos. Na época da campanha do agora presidente, o congressista o denominou de "fraude".

Mas depois foi fotografado jantando com Trump em um restaurante em Nova York, discutindo, acredita-se, sua possível nomeação como Secretário de Estado, posto que acabou sendo ocupado por Rex Tillerson.

A tensão voltou a aumentar quando Trump enfrentou maior pressão por suas ligações com a Ucrânia.

Ex-governador de Massachusetts, Romney descreveu o telefonema de Trump ao presidente ucraniano, Volodymyr Zelenski, que originou as acusações de destituição, como "preocupante ao extremo".

Trump se defendeu tachando Romney de "traseiro pomposo".

Na quinta-feira, o presidente retuitou antigos vídeos com narração em off, descrevendo Romney como "escorregadio" e "dissimulado".

"Fazendo-se passar por republicano, tentou se infiltrar na administração de Trump como secretário de Estado", relata a voz em off. "Agora, sua máscara caiu... como um agente secreto democrata".

Aos 72 anos, Romney, que fez fortuna no setor das finanças corporativas, não tem mais ambições presidenciais e seu mandato como senador pelo estado de Utah se estende até 2025.

Mas agora enfrenta uma avalanche de críticas dentro do Partido Republicano. "Agora é oficialmente um membro da resistência e deveria ser expulso do Partido Republicano", tuitou o filho de Trump, Donald Trump Jr.

Também há iniciativas em Utah para aprovar um projeto de lei que permita aos eleitores retirarem os senadores, o que pode ser uma ameaça para Romney, pois muitos republicanos estão irritados com sua postura contra Trump.

De pouco consolo podem ser os elogios recebidos pelos democratas, como o senador Chris Murphy, que tuitou que Romney se manteve firme em um momento em que "muitos se perguntam que honra resta na vida pública".

Em seu discurso no Senado, Romney refletiu sobre seus sentimentos contraditórios a respeito de Trump e seu próprio legado após seu voto pela destituição do presidente. "Apoio muito do que o presidente fez. Votei com ele 80% das vezes", disse.

"Todos somos notas de pé de página no melhor dos anais da história, mas na nação mais poderosa da Terra, a nação concebida com liberdade e justiça, essa distinção é suficiente para qualquer cidadão", ressaltou.


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