Jornal Estado de Minas

Sinn Fein pede à UE que apoie seu projeto de reunificar Irlanda

A líder do partido nacionalista de esquerda irlandês Sinn Fein, Mary Lou McDonald, que tenta formar um governo após o resultado histórico alcançado nas legislativas do último sábado, pediu nesta terça-feira (11) à União Europeia que apoie seu projeto de reunificação da ilha da Irlanda.



Seu partido, ex-braço político do Exército Republicano Irlandês (IRA), tornou-se a segunda força no Parlamento da República da Irlanda, um pequeno país-membro da UE com 4,9 milhões de habitantes.

Apesar de ter apresentado apenas 42 candidatos - metade dos dois grandes partidos tradicionais -, o Sinn Fein conquistou 37 deputados, logo atrás do Fianna Fail (38) e à frente do Fine Gail (35), do primeiro-ministro Leo Varadkar.

No total, a Casa conta com 160 cadeiras.

"Eu poderia ser a próxima chefe de Governo", disse Radiant McDonald, que em 2018 sucedeu ao histórico Gerry Adams na liderança do partido.

Ela informou que já iniciou conversas com pequenos partidos de esquerda para ver se é possível formar uma coalizão sem nenhuma das duas grandes forças tradicionais.

Para a líder do Sinn Fein, os dois grandes partidos tradicionais "ainda estão em um estado de negação e não escutam o que o povo disse".

Se chegar ao poder, o Sinn Fein pretende unificar a província britânica da Irlanda do Norte com a República da Irlanda.



Segundo o acordo de paz da Sexta-feira Santa, que em 1998 encerrou três décadas de sangrento conflito entre republicanos católicos e unionistas protestantes na Irlanda do Norte, isso exigiria um referendo em ambos os lados da ilha e, portanto, o acordo das autoridades de Londres.

O Brexit, ao qual a maioria dos irlandeses se opõe, poderia avançar nessa direção.

E McDonald acredita que a UE deve apoiar o projeto.

"A União Europeia deve se posicionar sobre a Irlanda - assim como apoiou a reunificação da Alemanha, assim como, por exemplo, se posiciona sobre o Chipre - e ter uma visão positiva sobre a reunificação do país", afirmou ela, em entrevista no programa BBC Newsnight.

"Acredito que seria apropriado para nossos aliados, para nossos amigos", insistiu, chamando a divisão de "desastre".

A Irlanda esteve sob domínio britânico até o início do século XX. Ao final de uma guerra de independência, a maior parte da ilha se separou do Reino Unido em 1921. Seis condados do norte continuaram a fazer parte desse país, formando a província da Irlanda do Norte.

O IRA foi uma das principais partes envolvidas no conflito, que deixou 3.500 mortos.

As eleições irlandesas aconteceram apenas uma semana depois da saída britânica da União Europeia, cujas consequências afetam especialmente o território vizinho.

Varadkar baseou a campanha em sua contribuição para um acordo entre Londres e Bruxelas. Errou o alvo: os eleitores se mostraram mais preocupados com as questões domésticas que o Sinn Fein pareceu abordar de maneira mais eficiente do que os partidos centristas, ao se apresentar como a opção da "mudança".