Jornal Estado de Minas

Jack Welch, emblemático empresário da General Electric, morreu aos 84 anos

O icônico empresário Jack Welch, que transformou a General Electric (GE) em uma das principais companhias do mundo, morreu nesta segunda-feira (2) aos 84 anos.

A morte de Welch, considerado em 1999 "empresário do século" pela revista Fortune, foi informada pela GE à AFP, confirmando informações do canal de notícias CNBC.



Filho de um maquinista de trem, já foi considerado um dos homens mais influentes da comunidade empresarial do mundo.

Ele liderou a GE por 20 anos e a transformou em um enorme conglomerado, com atividades na mídia e na indústria do entretenimento (NBCUniversal), finanças (GE Capital), saúde, eletrodomésticos e aeronáutica.

A capitalização de mercado da empresa passou de US$ 12 bilhões quando ele assumiu sua direção em 1981 para US$ 410 bilhões quando saiu.

"Hoje é um dia triste para toda a família GE", disse Larry Culp, CEO do grupo, em um email. "Jack foi o coração da GE por meio século. Ele reformulou o rosto da nossa empresa e do mundo dos negócios".

O presidente americano Donald Trump elogiou no Twitter "meu amigo e apoiador Jack", a quem chamou de "lenda".

"Não havia outro líder empresarial como 'Neutron Jack' (...). Fizemos negócios maravilhosos juntos", disse o inquilino da Casa Branca.



Jack Welch era considerado um dos empresários mais eficazes do período pós-guerra e um dos mais imitados nas multinacionais de todo o mundo, apesar da reputação de autocrata e das demissões em massa que lhe valeram o apelido de "Neutron Jack", em referência à bomba de nêutrons que mata homens, mas poupa infraestruturas.

Em um livro publicado em 2001, "Jack: Sraight from the gut", ele próprio afirmou que a força de trabalho da GE havia caído de 411.000 para 299.000 em seus primeiros cinco anos como CEO.

Ele também é o inventor da famosa "curva de vitalidade", que classifica os gerentes em três grupos - A, B, C - a última categoria que compreende os executivos com menor desempenho e que devem ser demitidos.

Welch acusou o governo de Barack Obama de manipular os números do desemprego para promover sua reeleição à presidente em 2012.

- Fracasso -

Jack Welch encerrou seu reinado com um fracasso: o veto das autoridades europeias da concorrência à fusão da GE com outro conglomerado industrial americano, Honeywell.



Ele nasceu em novembro de 1935 em Peabody, Massachusetts. Graduado na Universidade de Massachusetts Amherst em engenharia química, obteve um doutorado em 1960 pela Universidade de Illinois.

Welch ingressou na GE no mesmo ano como engenheiro químico na divisão de plásticos e depois subiu na hierarquia até se tornar vice-presidente do conselho de administração em 1979.

Essa promoção levou à sua nomeação como CEO em abril de 1981, aos 45 anos. Deixou o cargo em setembro de 2001, alguns dias antes dos ataques de 11 de setembro.

Seu sucessor, Jeff Immelt, herdou uma empresa que certamente gozava de boa saúde, mas seu reinado foi marcado pelo 11 de setembro, o estouro da bolha imobiliária e a crise financeira.

Immelt precisou vender a NBCUniversal à Comcast, e teve que liquidar um após o outro os ativos da GE Capital, cujo papel na crise do subprime fez a GE vacilar.

E a estratégia de retornar às fontes industriais marcada pela aquisição do polo de energia do grupo francês Alstom, em 2015, surgiu no momento da conscientização global do aquecimento global.



Foi o início da descida ao inferno da GE, que foi expulsa, após 110 anos, do Dow Jones, principal índice de Wall Street, e que atualmente luta pela sua sobrevivência.

A empresa, que chegou a ser um dos barômetros da economia americana, possui atualmente um valor corporativo de 95 bilhões de dólares na Bolsa. Suas atividades se limitam à aeronáutica, energia e saúde.

Immelt foi substituído por John Flannery em 2017, ele próprio demitido pouco mais de um ano depois. Larry Culp, o atual CEO, tenta reviver a empresa, apesar das dúvidas dos mercados.

Casado três vezes, Jack Welch deixa esposa, Suzy, e quatro filhos de seu primeiro casamento.

Depois de se aposentar da GE, tornou-se colaborador do canal de notícias CNBC, além de escrever livros e realizar palestras.