Os países da União Europeia (UE) apoiaram nesta terça-feira uma proibição de 30 dias à entrada de pessoas que não pertencem ao bloco, com o objetivo de conter a disseminação da nova pandemia de coronavírus.
"Concordamos em fortalecer nossas fronteiras externas aplicando uma restrição temporária a viagens não essenciais à UE por um período de 30 dias", anunciou o chefe do Conselho Europeu, Charles Michel, após uma cúpula por videoconferência.
A Comissão Europeia havia proposto aos líderes na segunda-feira essa medida, que não se aplicaria a parentes de cidadãos europeus, diplomatas ou pessoal essencial. A França decidiu começar a aplicar a medida a partir do meio-dia desta terça-feira.
A medida buscava dissuadir os diferentes países do bloco a fechar unilateralmente as fronteiras entre eles, como já havia iniciado alguns, como a República Tcheca.
A Irlanda não aplicará essas restrições, pois possui uma área de passagem livre comum com o Reino Unido, país que deixou a UE em janeiro e "não planeja implementar restrições nas fronteiras externas", de acordo com a chefe do executivo da comunidade, Ursula von der Leyen.
A França poderá impedir a entrada de britânicos se o Reino Unido não tomar medidas mais restritivas contra o coronavírus, alertou nesta terça-feira o primeiro-ministro francês, Edouard Philippe.
"Se os países vizinhos (como), Reino Unido, permanecem muito tempo" sem medidas de "confinamento", "então ficará difícil aceitar em nosso território cidadãos britânicos", disse Philippe em entrevista na rede France 2.
Na segunda-feira, von der Leyen considerou esse fechamento de fronteira como "eficaz" e que deveria ser aplicado pelos 27 países da UE, e por Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein, que pertencem ao espaço europeu de livre circulação de Schengen.
Durante a reunião remota, os líderes também concordaram em "coordenar" o retorno dos europeus que estão no exterior sem poder transitar por conta da epidemia, informou a chanceler alemã Angela Merkel de Berlim.
Os líderes também discutiram as consequências econômicas da crise, mas se limitaram a respaldar as ações de mais investimento público adotadas nacionalmente e os anúncios do Banco Central Europeu de maior liquidez.
Em uma declaração final,os 27 membros apoiaram a proposta da Comissão de flexibilizar as normas sobre ajudas do Estado e os limites de déficit e da dívida pública para que os diferentes países possam aumentar os gastos, especialmente a Itália.
Apesar disso, a Alemanha se opõe a ativar nesse momento o fundo de resgate de 410 bilhões de euros da Zona do Euro, em parte pela preocupação de causar pânico nos mercados.
Os líderes concordaram em se reunir novamente por videoconferência na próxima semana, em dia ainda a ser determinado, já que anularam sua cúpula ordinária, prevista em Bruxels para essa quinta e sexta-feira, anunciou Michel.
A Europa é, segundo a Organização Mundial da Saúde, o epicentro atual do novo coronavírus.