A União Europeia (UE) considerou nesta sexta-feira (3) que o plano dos Estados Unidos quanto ao governo de transição na Venezuela sem o presidente Nicolás Maduro ou o opositor Juan Guaidó "está de acordo" com a solução pacífica promovida pelo bloco.
Em uma declaração em nome dos 27 países da UE, o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, emitiu uma opinião "positiva" em relação ao novo plano dos Estados Unidos e "com interesse" ao que corresponde à política de sanções.
"A proposta americana vai de acordo com o que a UE propõe como saída pacífica para a crise (venezuelana), por meio de uma via negociada até um governo democrático, o qual agora é mais necessário do que nunca", disse em declaração.
A UE alerta assim o "devastador impacto humano" que poderia ter a pandemia do novo coronavírus em "um país que já enfrenta uma situação econômica, social e humanitária grave", reiterando a sua vontade de ajudar o "povo venezuelano".
Diante da pandemia do coronavírus e a queda nos preços do petróleo, Washington mudou sua tática para incentivar a saída de Maduro, cuja reeleição de 2018 é considerada fraudulenta.
Washington apoiava os esforços de Guaidó, chefe da Assembleia Nacional (Parlamento), eleito em 2015, e que desde janeiro do último ano é reconhecido como presidente interino por quase 60 países.
Mas na última terça, o chefe da diplomacia americana, Mike Pompeo, apresentou um "marco para uma transição democrática pacífica" na Venezuela, pelo qual Maduro e Guaidó seriam afastados, em troca da retirada gradual das sanções.
De Caracas, Guaidó apoiou a proposta, similar a uma sugerida pela oposição em conversas que não deram certo mediadas pela Noruega em setembro de 2019, mas o governo de Maduro se mostrou contra ao plano considerado um "governo de transição inconstitucional".
O governo venezuelano emitiu nesta sexta um comunicado contra o pronunciamento europeu "que hoje manifesta seu apoio à proposta de Washington de retirar as sanções ilegais contra a Venezuela, somente se sua vontade for cumprida e seu golpe de Estado seja concretizado".
A Venezuela acrescentou que "faz um novo chamado aos Estados-membros da UE para respeitar a soberania do povo venezuelano e os lembra que, como signatários da Carta das Nações Unidas, o mínimo que devem fazer é respeitar os seus propósitos e princípios".
Segundo Caracas, "enquanto em vários países da UE a pandemia saiu do controle, com um imenso impacto humano, na Venezuela ela avança de forma controlada e estão se dedicando em todos os seus esforços e recursos para isso, apesar do bloqueio dos Estados Unidos".