O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, que testou positivo para o novo coronavírus há dez dias, deu entrada na unidade de cuidados intensivos nesta segunda-feira (6), e será substituído no cargo pelo chanceler, Dominic Raab, no comando do governo enquanto for necessário.
"Durante a tarde, o estado de saúde do primeiro-ministro se deteriorou e, por conselho de sua equipe médica, ele foi transferido para a unidade de cuidados intensivos do hospital", anunciou um porta-voz de Downing Street, residência oficial do primeiro-ministro.
"O primeiro-ministro pediu ao ministro das Relações Exteriores, Dominic Raab (...) que o substitua no que for necessário", acrescentou em um comunicado.
O líder conservador, de 55 anos, que após dar entrada ao hospital Saint Thomas de Londres, na véspera, para se submeter a exames, tinha tuitado nesta segunda que se sentia de "bom ânimo", estava consciente, mas pode precisar de respirador mecânico.
A notícia comoveu os britânicos, depois de o Executivo afirmar reiteradamente que Johnson "seguia no comando".
São "notícias terrivelmente tristes", reagiu o recém-eleito novo líder da oposição trabalhista, Keir Starmer, assegurando que "os pensamentos de todo o país estão com o primeiro-ministro e sua família nestes tempos incrivelmente difíceis".
Johnson anunciou em 27 de março que tinha testado positivo para a COVID-19 e permaneceria sete dias em isolamento em sua residência de Downing Street, onde simpatizantes deixam comida e papéis na porta.
O premiê continuou liderando reuniões por videoconferência e muitos atribuíam nesta segunda-feira a esta falta de repouso o fato de uma semana e meia depois continuasse com febre e seu médico tenha decidido hospitalizá-lo para submetê-lo a exames por "precaução".
Ele passou uma primeira "noite tranquila", mas estava "em observação", explicou a Downing Street.
Enquanto na Itália e na Espanha a pandemia começou a dar sinais de uma sutil remissão, o Reino Unido está se tornando o novo epicentro da doença na Europa.
Nesta segunda, foram registradas na Grã-Bretanha mais de 5.000 mortes, com 439 novas vítimas fatais em 24 horas. E embora o número de mortes diárias tenha recuado pelo segundo dia consecutivo - após as 621 de domingo e 708 no sábado - a mortalidade bateu recorde atrás de recorde na semana passada e especialistas advertem contra um otimismo antecipado.
Raab já tinha começado a preencher nesta segunda o vácuo deixado por Johnson: presidiu a reunião diária sobre a crise e conduziu uma coletiva na qual precisou responder várias perguntas sobre a capacidade do premiê de continuar trabalhando.
Johnson "segue no comando, mas continuará escutando o conselho dos médicos sobre o que deve fazer", disse, admitindo que não havia falado com ele desde o sábado.
Para pedir a seus compatriotas que permanecessem em casa, Johnson postou vários vídeos no Twitter durante seu confinamento nos quais aparentava cansaço.
Segundo o jornal The Guardian, "estava mais gravemente doente do que ele ou seus funcionários estavam dispostos a admitir" e foi visitado por médicos preocupados com a sua respiração.
"Muitos com #COVID19 foram derrubados pela fadiga e a febre e aproveitaram o isolamento para dormir e se recuperar. Boris arriscou sua saúde e trabalhou a cada dia em nosso nome para liderar a batalha contra esse vírus vil", tuitou a secretária de Estado de Saúde, Nadine Dorries, primeira integrante do governo britânico que contraiu a doença no começo de março.