Jornal Estado de Minas

Coronavírus avança em centros detenção para migrantes nos EUA

O surto de coronavírus em diferentes centros de detenção de migrantes nos Estados Unidos aumentou significativamente de 32 casos na quarta-feira para 61 dois dias depois, informou o Serviço de Imigração (ICE).



Numa época em que os Estados Unidos estão com mais de 20 mil mortos com a epidemia e 519.453 casos confirmados, segundo a Universidade Johns Hopkins, o número de infectados também aumenta nos centros de detenção de migrantes.


"Existem 61 casos confirmados de COVID-19 entre pessoas sob custódia do ICE", informou a agência.


Várias organizações e políticos democratas de direitos humanos pediram que os detidos fossem libertados sob risco.


Eileen Blessinger, advogada especializada em imigração, disse à AFP que um de seus clientes encarcerados contou que as condições nas prisões pioraram desde o início da epidemia.


"As porções de comida diminuíram e ele diz que não está recebendo comida suficiente, pessoas doentes não estão sendo tratadas e estão coabitando com detentos saudáveis", relatou a advogada sobre um centro na costa leste.



O governo do presidente Donald Trump - que busca a reeleição em novembro - mantém uma linha dura contra a imigração irregular e também tenta limitar a chegada de migrantes legais ao país.


Seu governo promulgou em 2018 uma política de "tolerância zero" contra a imigração irregular que levou à separação de milhares de crianças de seus pais migrantes e que foi suspensa após uma onda de indignação global.


Não há separação entre detidos 


A maioria dos infectados está em centros próximos a Nova York, onde é registrado o maior surto de infecção respiratória nos Estados Unidos.


No centro de Buffalo, estado de Nova York, sete casos foram detectados.


De acordo com o balanço, existem dois infectados na cadeia do condado de Bergen, sete no centro de detenção de Elizabeth, dois no correcional do condado de Essex e cinco na cadeia do condado de Hudson.



Todos esses centros estão no estado de Nova Jersey, adjacente a Nova York.


Outro foco é o das prisões na Pensilvânia, um estado da costa leste, também perto de Nova York. Lá, cinco casos foram detectados em uma instituição correcional em Pike e um na cadeia do condado de York.


Nesse distrito, mais de uma dúzia de detidos com condições vulneráveis de saúde solicitaram liberdade temporária e relataram um agravamento das condições de reclusão.


"Eles afirmaram que passaram dias sem receber sabão, que as pessoas sem sintomas de COVID-19 estão alojadas com pessoas com sintomas nas prisões e que os detidos não têm acesso a máscaras ou produtos desinfetantes", informou a organização de direitos humanos ACLU.


O centro com mais casos é o de San Diego, Califórnia, com dez infectados. Também existem casos no Arizona e no Novo México.


O restante dos casos ocorre em Illinois, Louisiana, Geórgia e Michigan.


O ICE indicou que um migrante está internado em um hospital de Miami.


A agência, popularmente conhecida pela comunidade estrangeira como "la migra", disse que em 30 de março 600 detentos foram identificados como vulneráveis e que mais de 160 foram libertados.


Em seu balanço, o ICE indicou que 19 funcionários que trabalham diretamente nas prisões foram infectados.