O governo britânico prorrogou por ao menos três semanas o confinamento vigente desde 23 de março para frear a propagação do coronavírus, que causou cerca de 14.000 mortes e contagiou mais de 100.000 pessoas no Reino Unido.
Apesar da pressão da oposição e da dramática situação econômica, a equipe do governo decidiu manter a medida até que se supere o pico da pandemia, e não flexibilizar o confinamento como já está se avalia no restante da Europa.
"O governo decidiu que as medidas atuais devem seguir vigentes ao menos durante as próximas três semanas", declarou o ministro das Relações Exteriores, Dominic Raab, que substitui o primeiro-ministro Boris Johnson, que segue em recuperação da COVID-19 após deixar o hospital.
Raab ressaltou a importância de não ocorrer um segundo pico que colapsaria o serviço público de saúde, o NHS, e anularia o sacrifício do que foi feito até o momento.
Em entrevista à BBC, o ministro da Saúde, Matt Hancock tinha informado ser "muito cedo" para adotar uma flexibilização das regras de confinamento.
- "Há luz no fim do túnel" -
"Há luz no fim do túnel e estamos progredindo", disse Raab, que, no entanto, alertou que seria "irresponsável" falar sobre um prazo para sair do confinamento, mencionando apenas uma "flexibilização" das medidas em algumas áreas e de um "reforço" em outras.
Segundo o jornal The Guardian, as decisões na fase pós-confinamento foram adiadas pela ausência de Johnson.
O Reino Unido registrou 861 mortes por coronavírus nas últimas 24 horas em hospitais, atingindo nesta quinta-feira um total de 13.729 mortes.
A isso se somam os mortos nos asilos, que não são contabilizados nos números oficiais divulgados diariamente, tornando o balanço das vítimas fatais da COVID-19 maior.
Nesta quinta-feira, foram registrados 100.000 infectados, de quase 418.000 testes realizados. Criticado pelo número de testes, o governo prometeu chegar aos 100.000 testes por dia até o final do mês, mas ainda está muito longe dessa meta.
Entre os mortos por coronavírus estão 27 funcionários do serviço público de saúde, segundo Hancock. Um caso trágico foi o de uma doente grávida, de 28 anos, cujo bebê sobreviveu.
Mas apesar do panorama sombrio, há notícias positivas: Aos 99 anos, Tom Moore, um veterano da Segunda Guerra Mundial, arrecadou mais de £ 13 milhões para o sistema de saúde britânico, e deve cumprir o desafio de caminhar a pé com o seu andador, por 100 vezes nos 25 metros de comprimento do seu jardim, antes de completar 100 anos, no final deste mês.
"Tom conquistou os corações de todo o país com esse esforço heróico", disse um porta-voz de Johnson, à medida que os pedidos para que Moore receba uma medalha se multiplicam.