A Organização Mundial da Saúde (OMS) assegurou nesta segunda-feira (20) não ter omitido nada dos Estados Unidos sobre a COVID-19, que causou mais de 165.000 mortes no mundo desde que surgiu em dezembro na China.
"Desde o primeiro dia, nada foi escondido dos Estados Unidos", disse à imprensa o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, depois que Washington suspendeu o financiamento à organização, por suspeita de estar muito próxima da China e pelo mau gerenciamento da pandemia.
"Emitimos um alerta desde o primeiro dia", ressaltou.
O diretor dos programas de emergência da OMS, Michael Ryan, por sua vez, disse que desde 1º de janeiro houve uma quinzena de representantes do Centro de Controle e de Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA, na sede da OMS em Genebra no âmbito de uma "resposta à COVID-19".
Os Estados Unidos suspenderam no início da semana passada seu financiamento da OMS, a qual acusam pela proximidade com a China e por gerenciar mal a pandemia.
A pressão cresceu no país em 16 de abril, quando os republicanos do Congresso pressionaram o presidente Donald Trump a condicionar a atribuição de novos fundos a demissão de Tedros Adhanom Ghebreyesus, a quem acusam de ter "fracassado" em responder à crise do coronavírus.
Em Genebra, o diretor da OMS defende com firmeza seu posicionamento, dando a entender que "o fato de o pessoal da CDC ter estado aqui supõe um ponto forte".
"Não há segredos na OMS. Porque mantermos informações secretas ou confidenciais é perigoso", insistiu.
Ele também reiterou seu apelo à "unidade" e à "solidariedade mundial" porque dessa forma "não deveríamos ter medo" da pandemia da COVID-19. Caso contrário, disse, "asseguro-lhes que esperaremos o pior" porque a "política é suscetível de alimentar a pandemia".
Washington lamenta que suas próprias medidas diante da crise, como o fechamento progressivo de suas fronteiras, tenham recebido "grande resistência" da OMS, que continuou "elogiando os líderes chineses por sua disposição em compartilhar informações".
O governo dos EUA acusou a organização de ignorar as principais informações sobre uma possível transmissão de coronavírus entre humanos da China desde o final de dezembro do último ano.
A OMS rejeitou categoricamente o recebimento de tais informações da China, país que perdeu seu lugar de observador da organização sanitária da ONU em 2016.
"Taiwan não relatou transmissões entre humanos, simplesmente pediram esclarecimentos como outras instituições", disse Tedros, citando um e-mail enviado pelas autoridades taiwanesas à OMS em 31 de dezembro de 2019, "com base no relatório da China".