Jornal Estado de Minas

CORONAVÍRUS NO MUNDO

Trump suspende imigração aos Estados Unidos por 60 dias devido ao coronavírus

O presidente americano, Donald Trump, anunciou nesta terça-feira (21) a suspensão por pelo menos 60 dias da imigração legal aos Estados Unidos. Ele argumentou que busca proteger os postos de trabalho dos cidadãos americanos do "inimigo invisível", em alusão ao novo coronavírus. A pandemia ameaça deixar a economia mundial em queda livre.




Trump deu os primeiros detalhes de um vago anúncio feito na noite de segunda-feira por meio do Twitter, abordando um tema-chave para sua base conservadora. Os Estados Unidos já registram 43.000 mortes pelo coronavírus.


Trump explicou que a medida busca "proteger os trabalhadores americanos" em um momento em que, desde meados de março, 22 milhões de trabalhadores pediram auxílio-desemprego após perderem o trabalho.


"Ao suspender a imigração, isto vai ajudar os americanos desempregados a ficarem na linha de frente quando os Estados Unidos reabrirem", disse Trump.


O presidente disse que "provavelmente" assinará o decreto na quarta-feira e que esta "pausa" vigorará por 60 dias, depois dos quais haverá uma avaliação.



"Esta ordem só se aplica para indivíduos que buscam a residência permanente, em outras palavras, o Green Card", disse o presidente, assegurando que a medida não afetará as permissões temporárias.


Esta decisão vem em um momento em que as mortes pelo novo coronavírus passam de 174.000 no mundo e os contágios superam os 2,5 milhões, deixando as economias em uma espiral descendente enquanto os governos tentam planejar caminhos para sair da crise.


O congelamento completo de algumas atividades comerciais teve um efeito dramático para o mercado petrolífero, no qual o excesso de oferta e a demanda menor fez os preços da commodity desabarem a mínimos históricos.



Na Europa, duramente atingida pela pandemia, alguns países começam a sair cautelosamente do confinamento para abrandar os custos econômicos, embora concentrações multitudinárias permaneçam descartadas.


Enquanto a Alemanha permitia a reabertura de pequenas lojas, as autoridades cancelaram a Oktoberfest, tradicional festival de cerveja, pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial.


A Espanha também cancelou as festas de São Firmino, em Pamplona, que anualmente em julho atraem milhares de turistas e se caracterizam pelas corridas de touros pelas ruas da cidade.


Os Estados Unidos agora são o epicentro da pandemia, com mais de 43.000 mortes e 804.000 infectados.


Em meio a uma crise que começa a apertar, o presidente Trump tem envolvido em confrontos com os governadores democratas, ao apoiar protestos anti-quarentena em alguns estados.



Também gerou críticas com seu vago anúncio sobre a proibição à imigração, com a qual afirmou que salvaria os empregos dos americanos, depois que 22 milhões de pessoas no país perderam o trabalho pela pandemia.


"Em vista do ataque do Inimigo Invisível, além da necessidade de proteger o emprego dos nossos GRANDIOSOS cidadãos americanos, vou assinar uma ordem executiva para suspender a imigração aos Estados Unidos", tuitou Trump.

Catástrofe

As drásticas medidas para conter a pandemia paralisaram a economia global, o que provocou nesta segunda uma queda brutal nos preços do petróleo, que caíram a números negativos.


A queda foi agravada pela expiração próxima de um contrato futuro, o que levou os investidores a se desfazerem do petróleo a todo custo. Ou seja, pagou-se para se desfazer do que não se conseguiu vender.



O barril WTI para maio voltou a registrar valores negativos nesta terça, embora tenha fechado a 10,01 dólares. O barril de Brent, referência na Europa, também caiu.


As principais bolsas europeias foram arrastadas pelo preço do petróleo, e fecharam com baixas em torno de 3%.


A queda do petróleo é um "golpe duríssimo" para o Equador, país petroleiro fortemente afetado pela epidemia e com dívida de 60% do PIB, disse o presidente equatoriano, Lenín Moreno.


E a petroleira estatal boliviana YPFB qualificou de "catástrofe" a queda.


Enquanto isso, Trump pediu ao seu governo para desenhar um plano de ajuda para as empresas de petróleo americanas.

A Europa começa a se erguer

Os governos do mundo discutem como e quando suspender as restrições, com o ânimo de evitar uma segunda onda de contágios e também que a crise seja ainda maior.



Sem baixar a guarda, a cidade chinesa de Wuhan, onde o vírus surgiu, recupera pouco a pouco a normalidade, após 76 dias de isolamento.


Enquanto isso, na Europa, vários países, com a Alemanha à frente, começaram a flexibilizar as medidas de confinamento, mas mantendo normas de distanciamento social.


Na maioria dos países afetados permanecem fechados centros culturais, bares, restaurantes e campos esportivos. As escolas de níveis fundamental e médio vão abrindo progressivamente.


Os mais atingidos pela pandemia, a França (mais de 20.200 mortos), a Espanha (mais de 21.200) e Itália (mais de 24.100), se preparam também para adotar as primeiras medidas de desconfinamento em vista dos sinais esperançosos.


Na Itália, o número de doentes caui na segunda-feira pela primeira vez e as primeiras medidas para sair do confinamento só serão tomadas após 3 de maio. Pouco a pouco, as empresas voltam a abrir, ainda que com precauções.



Na Espanha, onde nesta terça-feira foi registrada uma alta sutil de falecidos (430 nas últimas 24 horas), o necrotério improvisado em uma pista de patinação no gelo em Madri será fechado na quarta-feira.


Mas no Reino Unido, onde na segunda-feira foram registradas 449 mortes, seu menor balanço diário desde 6 de abril, o confinamento foi prorrogado na quinta-feira ao menos três semanas.


Na Ásia, Singapura se tornou um exemplo de como as infecções flutuam, ao anunciar nesta terça novas medidas de quarentena, em meio a uma segunda onda de contágios.

Fome

Em todos os lugares há temores de como os mais vulneráveis vão sobreviver às medidas de confinamento. Segundo uma projeção do Programa Mundial de Alimentos, 256 milhões de pessoas poderão sofrer fome em 2020, quase duas vezes mais que em 2019, devido ao impacto econômico da crise sanitária.


Além do custo humano e econômico, o coronavírus também agrava a crise da liberdade de imprensa.


Alguns países "veem na crise sanitária a oportunidade de (...) impor medidas que seria impossível adotar em condições normais", condenou a ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) em sua Classificação Mundial da Liberdade de Imprensa de 2020.



A pior' contração da América Latina

Nesta terça, a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) estimou que a pandemia provocará a pior contração econômica da região, com uma queda do Produto Interno Bruto (PIB) de 5,3% em 2020.


"Para encontrar uma contração de magnitude comparável, é preciso retroceder até a Grande Depressão de 1930 (-5%) ou mais ainda, até 1914 (-4,9%)", disse a Cepal.


O México elevou nesta terça seu nível de alerta sanitário diante de um aumento acelerado de contágios do novo coronavírus, cujo pico é esperado entre 8 e 10 de maio.


Mas no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro afirmou na segunda-feira que esperava que as medidas de isolamento decididas por vários governadores sejam suspensas esta semana, apesar de que a pandemia, segundo o Ministério da Saúde, se encaminhar para o pico no país latino-americano mais afetado pela COVID-19.


Segundo o balanço mais recente, divulgado pelo Ministério da Saúde, o Brasil tem 2.741 mortos por coronavírus, com 43.079 casos confirmados.


Na América Latina, onde já há mais de 5.000 mortos e 100.000 contagiados pelo coronavírus, preocupam especialmente o impacto econômico e a incerteza sobre o comportamento da doença nos países do hemisfério sul, onde o inverno começa em junho.