Um estudo realizado pela Academia Chinesa das Ciências descobriu dois medicamentos específicos para serem usados contra o novo coronavírus e que impedem que o Sars-CoV-2 se multiplique dentro do corpo humano.
A pesquisa, publicada na revista especializada Science, foi coordenada por Wenhao Dai e conseguiu projetar as moléculas para bloquear a enzima protease, o "motor" que permite que o vírus consiga se multiplicar.
Com isso, os dois medicamentos chineses juntam-se a um outro descoberto na Holanda, que atua contra a mesma enzima, e um na Alemanha, que age contra a proteína spike - o arpão com o qual o vírus agride a célula para invadi-la. Assim, as quatro moléculas tornam-se candidatas a se tornarem os primeiros remédios a serem usados contra a COVID-19, uma doença da qual se sabe ainda muito pouco.
De acordo com a publicação, o estudo foi realizado através da análise estrutural do vírus, em particular nesse caso, com a enzima protease. As moléculas chamadas de inibidores de protease 11a e 11b enfrentaram os primeiros testes com resultados encorajantes. Testadas em um cultura celular, ambas "inibiram fortemente a protease da SarsCoV-2".
Com os experimentos feitos em ratos, os inibidores da protease 11a mostraram, em particular, baixa toxicidade. Para essa molécula, os testes agora seguem para a fase pré-clínica para obter novos resultados sobre os efeitos tóxicos. Se forem considerados seguros, poderão ser testados em seres humanos em breve.
No entanto, assim como ocorre com os possíveis medicamentos descobertos por holandeses e alemães, ainda não há data para que eles possam ser disponibilizados aos humanos.
Desde 2018, para acelerar o processo de localização de remédios que podem ser usados contra doenças novas, foi criada a coalizão Reframe, a mais vasta busca por fármacos já em uso promovida pelo Instituto Scripps, na Califórnia (EUA), e com apoio financeiro da Fundação Bill & Melinda Gates.
Por conta disso, o combate à Covid-19, por exemplo, está usando drogas já conhecidas para outras doenças para acelerar o processo.
Entre os medicamentos testados em hospitais e pesquisas contra o novo coronavírus estão o remdesivir, nascido para combater o ebola, a cloroquina e a hidroxicloroquina, usados para combater a malária, artrite reumatoide e lúpus, e alguns antirretrovirais, como o lopinavir e o ritonavir, usados no combate ao HIV, o camostat usado contra doenças de fígado e pâncreas, e o tocilizumabe, utilizado para combater as inflamações causadas pela crise imunitária provocada pelo HIV. (ANSA)