O sombrio panorama econômico deixado pelo coronavírus nos Estados Unidos piorou, nesta quinta-feira (23), com a divulgação de um relatório do governo apontando 4,4 milhões de novos pedidos de seguro-desemprego.
Com isso, sobre para 26 milhões o número de pessoas em busca de trabalho em cinco semanas.
Para responder à crise, os legisladores da Câmara dos Representantes aprovaram um pacote de ajuda de US$ 480 bilhões que se soma ao colossal plano de US$ 2,2 trilhões aprovado no final de março.
Os pedidos de seguro-desemprego nesta semana foram inferiores aos da semana anterior, quando 5,2 milhões de pessoas solicitaram auxílio desemprego pela primeira vez, segundo dados revisados ligeiramente pelo Departamento do Trabalho.
A pandemia atingiu gravemente os Estados Unidos, o país com mais mortes registradas no mundo, com mais de 47.000.
A alta no número de pedidos de seguro-desemprego mostra que a crise do coronavírus arrasou rapidamente parte do emprego criado pela recuperação posterior à grande recessão de 2009.
Os números desta quinta-feira (23) correspondem à semana de 12 a 18 de abril. Desde que o confinamento começou a paralisar a economia, o pior período registrado foi a última semana de março, quando houve mais de 6,8 milhões de pedidos desse beneficio.
O estado atual do emprego no país mostra um forte contraste com os números prósperos de fevereiro. Naquele mês, o desemprego havia atingido um mínimo em uma janela temporal de 50 anos, afetando 3,5% da população economicamente ativa.
Os números de abril, que serão publicados em 8 de maio, geram grande expectativa. Acredita-se que o índice de desemprego possa ficar acima de 10%.
-Plano aprovado com distanciamento social -
Depois de obter a aprovação do Senado na terça-feira, a Câmara dos Representantes fez o mesmo nesta quinta-feira com 388 votos a favor, cinco contra e uma abstenção.
O projeto foi aprovado em uma sessão marcada por distanciamento social e medidas de saúde para impedir a propagação do vírus.
Nos corredores do Capitólio, os legisladores caminhavam com máscaras ou rostos cobertos por lenços - como foi o caso da líder da Câmara, Nancy Pelosi - ou até mesmo cobrindo a boca com pastas improvisadas.
As discussões não foram realizadas em plenário e apenas alguns legisladores puderam estar na sala ao mesmo tempo.
Esse pacote de ajuda segue o colossal plano de US$ 2,2 trilhões aprovado no final de março.
O plano de salvar empregos, aprovado pelo Senado por unanimidade após mais de uma semana de negociações entre democratas, republicanos e a Casa Branca, é a mais recente injeção maciça de dinheiro do governo para apoiar uma economia em colapso.
A nova parcela incluiria US$ 320 bilhões em fundos para pequenas empresas para desencorajar mais cortes de empregos.
A lei também prevê mais de US$ 75 bilhões para hospitais e US$ 25 bilhões para expandir os testes de coronavírus. Também fornecerá US$ 60 bilhões em empréstimos e doações.
- Recuperação lenta -
Os números semanais mostram que a onda de demissões continuou pela quinta semana consecutiva, apesar da ajuda do Congresso.
Ian Shepherdson, da consultoria Pantheon Macroeconomics, destacou a queda, mas disse que não é tão acentuada quanto o esperado, embora o total mostre uma realidade "terrível".
A Oxford Economics estima que a perda total de empregos da pandemia se aproxime de 30 milhões de empregos.
"Esperamos que a recuperação do mercado seja lenta, não esperamos que o mercado de trabalho retorne aos níveis de 2020 até o início de 2022", apontou a consultoria.
- Pressão para reabrir -
À medida que a pandemia avança, governadores e autoridades de saúde em todo país avaliam como combinar uma estratégia que freie o vírus e, ao mesmo tempo, consiga amenizar o impacto na economia.
O governador da Geórgia, Brian Kemp, anunciou um agressivo plano para suspender as restrições que buscavam conter os casos de contágio no estado. Isso significa que academias, salões de beleza e outros pequenos negócios poderão abrir a partir desta sexta-feira (24).
Essa estratégia rendeu a Kemp um raro desacordo com o presidente Donald Trump, que discordou dele na quarta-feira.
"Poderia esperar um pouco", disse o presidente.
Uma pesquisa da CBS News divulgada quinta-feira revelou que 63% dos americanos estão mais preocupados com a suspensão antecipada das restrições do que com as consequências para a economia.
Em Washington, uma caravana de motoristas mascarados protestou contra a tendência de reabrir a economia, independentemente dos riscos.
"Pessoas acima dos lucros! Reabram de forma segura!", diziam as placas coladas nas janelas do carro.