Jornal Estado de Minas

Ásia respira diante do coronavírus, Europa paga preço elevado e América Latina supera 10.000 mortes

A Coreia do Sul não registrou nesta quinta-feira (30) nenhum contágio local de coronavírus, o que alimenta as esperanças de recuperação na Ásia, enquanto a preocupação com a pandemia persiste na Europa, afetada pelo impacto econômico, e na América Latina, que superou 10.000 mortes.



"Pela primeira vez em 72 dias temos zero casos locais", celebrou o presidente Moon Jae-in.

O país era, no fim de fevereiro, o segundo maior foco de contaminação no mundo de uma doença que provocou mais de 227.000 mortes a nível global, mas conseguiu inverter a tendência com testes em massa e regras rígidas de distanciamento social.

Graças à estratégia, a Coreia do Sul limitou o número de mortes a 247, apesar de ter organizado eleições legislativas em meados de abril.

Na Europa, que optou por um confinamento rígido da população, o balanço de vítimas fatais continua aumentando. Depois de incluir pela primeira vez os óbitos nas casas de repouso, os números dispararam no Reino Unido, a 26.000 falecimentos.

O país se tornou o segundo mais afetado da Europa, depois da Itália, superando a Espanha, que nesta quinta-feira anunciou 268 mortes por COVID-19 e um total de 24.543 falecimentos desde o início da pandemia.

Este é o menor balanço registrado pelas autoridades espanholas desde 20 de março e confirma que a pandemia está recuando, mas o primeiro-ministro Pedro Sánchez já antecipou que o país enfrentará uma "profunda" recessão.



O PIB espanhol registrou contração de 5,2% no primeiro trimestre. A economia italiana teve retrocesso de 4,7% no mesmo período.

No conjunto de uma UE ainda dividida sobre as medidas que devem ser adotadas, a situação não é muito melhor.

A economia da Eurozona registrou o retrocesso trimestral "mais importante" desde o início da série histórica em 1995, com uma contração de 3,8% no primeiro trimestre de 2020. A Alemanha anunciou o aumento de 13,2% do número de desempregados em abril.

A pandemia já arrastou a economia dos Estados Unidos, maior potência mundial, à pior recessão em uma década.

- Bandeiras para pedir ajuda -

A América Latina, que nas palavras do subdiretor da Organização Pan-Americana da Saúde (OPS) Jarbas Barbosa está como a "Europa há seis semanas" em relação ao avanço da COVID-19, observa o aumento do número de casos.

O número de mortes provocadas pelo novo coronavírus na América Latina e Caribe alcança 10.435, com mais de 200.205 casos oficialmente registrados, de acordo com um balanço da AFP elaborado com base em dados oficiais.

O Brasil, país de 210 milhões de habitantes, tem mais da metade das mortes por coronavírus na região (5.466, com 78.162 casos), mas de acordo com vários especialistas o número real de infectados pode ser entre 12 e 15 vezes superior ao oficial, consequência da pouca disponibilidade de testes de diagnóstico.



Em seguida aparecem México (1.569 mortes), Peru (943) e Equador (883).

As comparações são difíceis, no entanto, devido às políticas díspares dos países para contabilizar e fazer testes de diagnóstico.

A crise afeta duramente os países mais ricos, onde milhões de desempregados precisam recorrer aos bancos de alimentos, mas é ainda mais dolorosa nos países menos desenvolvidos.

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) alertou esta semana que a pandemia aumentará a fome e a pobreza na América Latina.

Desta maneira, os habitantes dos bairros mais pobres da Guatemala criaram um novo código com bandeiras de cores para pedir ajuda, identificando o tipo de emergência de cada casa em busca da atenção das autoridades.

O governo guatemalteco entregará uma caixa de mantimentos e 10 dólares por dia a pessoas que estão sem emprego ou alimentos, além de prometer seguro médico a crianças que estudam em escolas públicas, entre outras medidas.

Na cidade de Nova York, a mais afetada do mundo, o governador Andrew Cuomo ficou chocado com as imagens do metrô invadido por moradores de rua. Ele pediu uma solução para o problema da habitação.



Em um mundo na expectativa por um remédio eficaz, os Institutos Nacionais da Saúde (NIH) dos Estados Unidos apresentaram uma esperança na quarta-feira com o anúncio de que um fármaco experimental do laboratório Gilead acelerou a recuperação dos pacientes.

Embora os resultados preliminares não permitam estabelecer se o medicamento pode salvar vidas, o fármaco pode ajudar milhões de pessoas a uma cura mais rápida, enquanto o mundo busca uma vacina.

Já um laboratório do norte de Pequim anunciou uma das primeiras vacinas experimentais contra o novo coronavírus.

O grupo privado Sinovac Biotech já testou a vacina em macacos e em um pequeno grupo de seres humanos e terá resultados sobre a confiabilidade do fármaco em junho.

O laboratório chinês, um dos quatro autorizados a fazer testes clínicos no país, afirma que está pronto para produzir 100 milhões de doses por ano para combater o patógeno.