Os espanhóis saíram para passear ou praticar esportes neste sábado (2), após 48 dias trancados em suas casas, enquanto o desconfinamento da população em outras partes da Europa e dos Estados Unidos começou com cautela, à medida que a pandemia do novo coronavírus começa a perder força. Em Madri, perto do grande Parque do Retiro, que ainda está fechado, muitos habitantes foram dar uma volta, alguns em grupos.
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Em outros países europeus, como Itália, França e Alemanha, os governos também vão relaxando, gradualmente, as medidas de confinamento - uma decisão que continua subordinada à evolução do número de mortos e dos casos de contágio, e que exige medidas de proteção e distanciamento social dos cidadãos. O objetivo é evitar uma segunda onda de infecções.
"A partir de segunda-feira, depende de vocês", advertiu na Itália o chefe da Defesa Civil, Domenico Arcuri, pedindo à população que "não baixe a guarda" durante a saída do confinamento. Do dia 4 em diante, os italianos poderão passear pelos parques e visitar seus familiares, após dois meses de quarentena.
Nos Estados Unidos, o país mais afetado pela pandemia no mundo, os estados também estão avançando na suspensão das medidas de confinamento. Em meio a isso, a Agência Americana de Medicamentos (FDA, na sigla em inglês) aprovou com urgência um antiviral experimental, o remdesivir. Segundo a FDA, o remédio contribui para uma recuperação mais rápida dos pacientes com COVID-19.
"Uma pequena caminhada"
"Vou sair pela primeira vez para uma pequena caminhada", disse Amalia García Manso, 87 anos, usando máscara e luvas, enquanto descia lentamente a Calle Mayor, no centro de Madri, apoiada em sua bengala e no braço da filha. Até então, os espanhóis podiam sair de casa apenas para ir trabalhar - caso o trabalho remoto fosse impossível -, comprar comida, ir à farmácia, ao médico ou fazer pequenos passeios com cães.
A partir de agora, os espanhóis devem respeitar faixas de horário, para evitar multidões e manter distantes crianças e idosos, que não poderão sair nos mesmos intervalos. A tarde é reservada para os menores de 14 anos, que podem sair acompanhadas por um adulto.
A suspensão das restrições está bem avançada na Alemanha, na Áustria e em países escandinavos, que continuam impondo, porém, "medidas de barreira" e distanciamento social. Enquanto isso, França e Itália se preparam para iniciar este processo em alguns dias.
Neste sábado, em Viena, o clima era de animação nas ruas, com a reabertura de todas as lojas. Já a França decidiu prorrogar o estado de emergência de saúde até 24 de julho, considerando que, antes disso, "seria prematuro". O Reino Unido, onde o pico da pandemia foi atingido, de acordo com o primeiro-ministro, Boris Johnson, prometeu um plano de desescalada para a próxima semana. O país é o segundo mais afetado na Europa em número de mortes, depois da Itália.
No total, a nova pandemia de coronavírus causou mais de 240.000 mortes no mundo e 3,3 milhões de casos de contágio desde o seu surgimento, na China, em dezembro passado.
O país mais atingido no número de mortes por COVID-19 ainda é os Estados Unidos, com mais de 65.000, à frente de Itália (28.710 mortos), Reino Unido (28.131), Espanha (25.100) e França (24.760).
Com 1.222 óbitos, a Rússia anunciou um recorde de cerca de 10.000 mortos nas últimas 24 horas. Em torno de 2% dos residentes de Moscou - mais de 250.000 pessoas - sofrem da doença, disse o prefeito da capital russa, Sergey Sobianin, neste sábado, citando os resultados dos testes de detecção.
Segundo uma pesquisa internacional do Instituto Ipsos publicada hoje, os cidadãos dos países europeus mais afetados pela COVID-19 são os mais pessimistas e os menos satisfeitos com a ação de seus governos diante da crise.
De acordo com a sondagem, 62% dos franceses, 45% dos italianos e 39% dos britânicos estão insatisfeitos com a gestão da pandemia em seus países.
"E daí?"
No Brasil, cujo presidente, Jair Bolsonaro, defende a recuperação da atividade econômica a todo custo, o pior está por vir. Segundo estimativas do grupo de pesquisadores COVID-19 no Brasil, o país teve mais de 1,3 milhão de casos de coronavírus na quinta-feira (30/04) e a pior semana em óbitos desde o início da pandemia.
Isso é entre 15 e 20 vezes mais do que os mais de 96.000 casos confirmados até agora, no país de 210 milhões de habitantes, onde quase não existem testes e onde vivem diferentes populações vulneráveis, como povos indígenas e moradores de favelas.
O Brasil também possui o maior índice de contágio do mundo (2,8), de acordo com a Imperial College London. Dentro e fora do país, a controvérsia também continua, após a resposta dada por Bolsonaro, na terça-feira, a uma pergunta sobre o aumento de mortes no país - então em 5.000. "E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê?", indagou o presidente.
"Abram a Califórnia!"
Nos Estados Unidos, que continuam com uma média de cerca de 2.000 óbitos por dia (1.883 na sexta-feira), foi o presidente Donald Trump que anunciou o uso da droga remdesivir antiviral para pacientes graves nos hospitais americanos. O remdesivir é um antiviral experimental de amplo espectro produzido pela empresa farmacêutica americana Gilead Sciences. Inicialmente, foi desenvolvido para tratar o Ebola, uma febre hemorrágica viral.
Desde meados de março, em meio à pandemia, os Estados Unidos registraram mais de 30 milhões de pedidos de seguro-desemprego - um recorde. Para revitalizar a economia, mais de 35 dos 50 estados do país começaram a suspender - ou estão prestes a fazê-lo - as medidas de confinamento.
O estado do Texas, por exemplo, reabriu lojas, restaurantes e bibliotecas na sexta-feira, desde que operem com 25% da capacidade. Para exigir a suspensão do confinamento há seis semanas em vigor em seu estado, milhares de pessoas se manifestaram na Califórnia nesta sexta-feira.
"Abram a Califórnia!", gritaram perto das praias fechadas de Huntington Beach. "Todos os trabalhos são essenciais", ou "A liberdade é essencial", diziam cartazes. Também houve manifestações em Los Angeles, Nova York e Chicago. Em Nova York, milhares de inquilinos, que temem perder suas casas após ficarem desempregados e travam uma "guerra dos aluguéis", foram às ruas.
Na China, onde quase não há mais infecções locais, começaram, ontem, as primeiras férias desde o surgimento da pandemia. Em Pequim, foi reaberta a Cidade Proibida, embora de uma maneira mais limitada do que o habitual.