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Estado de Minas

Bento XVI compara casamento gay ao "anticristo"

Declaração está em biografia do papa emérito publicada nesta segunda-feira (4); alemão é acusado de contrariar esforços de modernização da Igreja Católica


postado em 04/05/2020 07:17 / atualizado em 04/05/2020 07:55

Imagem do papa emérito Bento XVI em maio de 2009(foto: Wikipedia commons)
Imagem do papa emérito Bento XVI em maio de 2009 (foto: Wikipedia commons)

O papa emérito Bento XVI, conhecido por sus posições tradicionalistas, afirma que seus opositores desejam calar sua voz e compara o casamento entre pessoas do mesmo sexo ao "anticristo", em uma biografia autorizada publicada nesta segunda-feira (4) na Alemanha.


Joseph Ratzinger, 93 anos, alega ser vítima de uma "distorção maligna da realidade" no livro que recebeu o título "Bento XVI - Uma Vida" e que inclui várias entrevistas, de acordo com os trechos publicados pela imprensa alemã e pela agência de notícias DPA.


"O espetáculo de reações vindas da teologia alemã é tão equivocado e mal-intencionado que eu prefiro não falar sobre isto", afirma.


"Prefiro não analisar as razões reais pelas quais as pessoas desejam silenciar minha voz", completa.


Na Alemanha, onde a Igreja Católica é comandada por clérigos considerados reformistas, Ratzinger é criticado com frequência por suas opiniões sobre o islã ou questões sociais.


Bento XVI, que foi papa entre 2005 e 2013, é acusado de tentar sabotar os esforços de modernização da Igreja de seu sucessor, o papa Francisco.


No livro, Ratzinger afirma, no entanto, que tem boas relações com o atual pontífice. "A amizade pessoal com o papa Francisco não apenas persistiu, como cresceu", destaca.


Em fevereiro, Bento XVI se viu envolvido em uma polêmica no Vaticano quando seu secretário particular foi afastado do entorno do papa Francisco.


A decisão foi tomada após a publicação de um livro assinado pelo papa emérito e o cardeal guineano ultraconservador Robert Sarah, no qual defendiam o celibato dos padres, um tema muito polêmico na Igreja.


Alguns consideraram o livro uma tentativa de interferência no pontificado do papa Francisco e, inclusive, um manifesto da ala tradicionalista da Igreja.


Após 48 horas de polêmica, Bento XVI pediu a retirada de seu nome da capa do livro, da introdução e das conclusões.


Na biografia publicada nesta segunda-feira, Bento XVI reitera a oposição ao casamento gay, afirmando que vê neste a obra do "anticristo", uma força maléfica que busca substituir Jesus Cristo.


"Há um século seria considerado absurdo falar sobre casamento homossexual. Hoje, quem se opõe a ele é excomungado da sociedade", afirma.


"Acontece a mesma coisa com o aborto e a criação de vida humana em laboratório", completa.


"A sociedade moderna está formulando um credo ao anticristo que supõe a excomunhão da sociedade quando alguém se opõe", insistiu.


De acordo com o papa emérito, "a verdadeira ameaça para a Igreja é a ditadura mundial de ideologias que se pretendem humanistas".


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