Jornal Estado de Minas

Danos do coronavírus à economia dos EUA podem ser 'duradouros', diz Fed

Os danos causados pela pandemia de coronavírus à economia dom EUA podem ser "duradouros" - disse o presidente do Federal Reserve (o Banco Central americano), Jerome Powell, nesta quarta-feira (13), alertando que mais medidas de estímulo podem ser necessárias.



Em um ano eleitoral, no qual o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aposta em uma rápida recuperação para conseguir a reeleição em novembro, o presidente do Banco Central dos EUA projetou um quadro complicado para a economia.

"Um apoio fiscal adicional pode ser caro, mas vale a pena se ajudar a evitar danos econômicos no longo prazo e nos deixar com uma recuperação mais robusta", defendeu Powell, em um discurso.

"Há um sentimento crescente de que a recuperação será mais lenta do que gostaríamos", admitiu Powell, esclarecendo que a economia como um todo deve se recuperar "substancialmente" quando a pandemia estiver sob controle.

Os Estados Unidos são o país com mais mortes pela pandemia de coronavírus, com mais de 82.000 óbitos registrados.

As palavras de Powell chegam no momento em que alguns estados começam a levantar restrições e abrir lojas, apesar de as mortes nas últimas 24 horas por causa do coronavírus ter quase dobrado para 1.894.

Depois que o desemprego aumentou de 3,5% em fevereiro para 14,7% em abril e o PIB do primeiro trimestre se contraiu 4,8% em dois meses, Powell pediu mais medidas anticrise. O Congresso já aprovou vários planos de ajuda no valor de quase US$ 3 trilhões.



"Cabe aos representantes eleitos, que são os que têm autoridade para mudar os códigos tributários têm poder sobre o gasto", frisou.

O presidente do Fed lembrou que a instituição tem capacidade apenas de empréstimo, e não de gasto. Nesse sentido, voltou a sugerir ao Congresso que não hesite em procurar outras formas de alavancar a economia.

Controlada pelos democratas, a Câmara de Representantes apresentou, ontem, um novo plano de estímulo de US$ 3 trilhões. O novo pacote não foi bem recebido pelos republicanos, que, em sintonia com a Casa Branca, preferem esperar para ver os efeitos do anterior. Por isso, é pouco provável que a iniciativa avance no Senado, de maioria governista.

- Maior impacto para os pobres -

Powell prometeu que o Fed continuará a usar todas as suas ferramentas em plena capacidade até que a crise tenha passado e a recuperação da economia esteja encaminhada.

O Fed reduziu suas taxas para praticamente zero, lançou um programa ilimitado de compra de títulos e prometeu continuar a reforçar a recuperação, fornecendo crédito de forma "agressiva".



O Banco Central expandiu seu programa de empréstimos, incluindo também as pequenas e médias empresas (PMEs), bastante afetadas pelas medidas de confinamento. O objetivo é dar mais liquidez a em todo sistema financeiro.

A sobrevivência das PMEs é especialmente crítica, porque "elas estão no coração da nossa economia e da criação de empregos", e ondas de falências podem pesar na economia por anos, alertou Powell.

"São principalmente empregos recentes e pessoas com baixos salários que estão sofrendo o golpe, embora haja pessoas que sofrem em todo espectro salarial", apontou.

Powell observou que, das pessoas que tinham emprego em fevereiro, das quais 40% com renda inferior a US$ 40.000 por ano, perderam seu trabalho em março.

"Isso causou um nível de sofrimento difícil de descrever em palavras", concluiu.