A Coreia do Sul, referência no combate ao coronavírus, está sofrendo com uma segunda onda de contaminação pela COVID-19. “Já tem um tempo que a situação aqui estava ‘normalizada’, com números baixíssimos de contaminação. As faculdades já estavam trabalhando para implementar novamente o regime presencial, academias iriam abrir, boates reabrindo”, relata a estudante brasileira Samantha Burton, de 24 anos, em intercâmbio acadêmico na península coreana.
A situação de Seul mudou no domingo, 10/5, com o registro de 26 novos casos de coronavírus com transmissão local, 17 deles ligados a frequentadores de casas noturnas no bairro de entretenimento Itaewon, segundo o Centro para o Controle e a Prevenção de Doenças da Coreia do Sul. No domingo também foram registrados 12 casos provenientes do exterior, os casos são o maior aumento diário em um mês. Os novos casos estão relacionados a um homem, de 29 anos, com COVID-19, que frequentou de três a cinco boates no final de semana, antes de ter o diagnóstico positivo para coronavírus.
Samantha explica que o governo sul-coreano agora tenta mapear quais foram as pessoas que frequentaram o bairro Itaewon no fim de semana: “Nessa segunda onda de contaminação, o governo tem corrido atrás, mandando mensagem e ligando para as pessoas que estiveram nas regiões contaminadas para que façam o teste”. A brasileira conta que apesar de não ter ido ao bairro, esteve em contato direto com pessoas que o frequentaram e por isso, foi conduzida a um centro de saúde para fazer o teste de COVID-19 de forma gratuita. A Coreia do Sul aplicou 5 mil testes em 24 horas.
O prefeito de Seul, Park Won-soon, ordenou o fechamento de casas noturnas, bares e discotecas e voltou a aplicar as medidas contra a COVID-19. O presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, também afirmou que mesmo durante a fase de estabilização da doença, situações como essa de Seul podem se repetir. Samantha reforça que nesse momento, sobram dúvidas: “Agora ficam as incertezas dessa nova onda, as flexibilizações foram cortadas. Já não sabemos se neste semestre voltamos a ter aulas presenciais. Ficamos no aguardo para ver que atitudes o governo vai tomar no controle desse novo surto”, explica a mineira.
Sucesso sul-coreano
A estratégia adotada pela Coreia do Sul foi a de testar em massa a população, inclusive aqueles que não apresentavam sintomas de coronavírus, além do monitoramento daquelas pessoas com diagnóstico positivo. Quando a pessoa recebia o diagnóstico afirmativo de COVID-19 ela era isolada e o governo sul-coreano monitorava todos com quem ela tivesse tido contato para que pudessem ser testados e isolados. A tática rendeu à Coreia do Sul uma baixa taxa de letalidade da doença além de tempo para poder preparar o sistema de saúde local. O desempenho do país asiático no controle do novo coronavírus foi usado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um bom exemplo.
(*Estagiária sob supervisão do subeditor Fred Bottrel)