Quatro especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) no Burundi, incluindo seu representante no país, serão expulsos na sexta-feira (15) - anunciou o Ministério das Relações Exteriores em uma carta ao escritório africano da instituição, consultada nesta quinta-feira (14) pela AFP.
A carta especifica que "as pessoas cujos nomes são citados foram declaradas 'persona non grata' e que, portanto, devem deixar o território do Burundi antes de 15 de maio".
Os interessados são o dr. Walter Kazadi Mulombo, representante da OMS no Burundi, dois funcionários da OMS - o dr. Jean Pierre Mulunda Nkata, coordenador da resposta contra o novo coronavírus, e o dr. Ruhana Mirindi Bisimwa, responsável pelo programa contra doenças transmissíveis - e um consultor, o professor Daniel Tarzy, especialista em biologia molecular.
"É toda equipe da OMS encarregada de apoiar o Burundi em sua resposta contra à COVID-19 que está sendo expulsa", explicou à AFP uma autoridade do Burundi que não quis revelar sua identidade.
A organização sanitária das Nações Unidas disse nesta quinta-feira "lamentar profundamente" a expulsão dos quatro especialistas, poucos dias antes da realização das eleições presidenciais, marcadas para 20 de maio.
A Comissão de Inquérito das Nações Unidas sobre o Burundi "lamenta profundamente a recente decisão do governo do Burundi", afirmou em comunicado.
Encarregada desde 2016 de investigar violações de direitos humanos cometidas neste país da África Oriental, a Comissão também manifestou sua "preocupação" com a "decisão das autoridades de não aplicarem as recomendações para o distanciamento social", uma vez que os comícios eleitorais atraem milhares de pessoas.
Há um mês, o Ministério das Relações Exteriores do Burundi já havia iniciado o mesmo procedimento contra os quatro funcionários em questão.
Suspendeu essa decisão, porém, após conversas entre o chefe de Estado, Pierre Nkurunziza, e o diretor-geral da OMS, segundo fontes diplomáticas e administrativas.
Até o momento, o país registrou oficialmente apenas 27 casos positivos do novo coronavírus, entre eles um óbito.
Acusado por médicos e pela oposição de ocultar o número real de casos de COVID-19, o governo do Burundiconsidera que o país está protegido da doença pela "graça divina".
O Burundi decidiu fechar suas fronteiras, mas não adotou qualquer medida de confinamento, ao contrário da maioria dos outros países da região.