Jornal Estado de Minas

CORONAVÍRUS

Revestimento pode manter superfícies livres de coronavírus por 90 dias

Um revestimento antimicrobiano formulado especialmente pode manter as superfícies livres do coronavírus humano por até 90 dias com uma única aplicação, revelou um estudo preliminar publicado nesta sexta-feira (15), sugerindo uma nova linha de defesa contra a COVID-19.



O artigo escrito por pesquisadores da Universidade do Arizona (UA), que ainda não foi revisto por pares, revelou que a quantidade de vírus em superfícies revestidas diminuiu cerca de 90% em dez minutos e 99,9% em duas horas.

Charles Gerba, microbiologista da UA, autor sênior do estudo, disse à AFP que essa tecnologia é "o próximo avanço no controle da infecção".

"Penso que é importante sobretudo para superfícies de uso contínuo, como as de metrô e ônibus, porque ainda que você possa desinfetá-las, as próximas pessoas que entrarem vão recontaminar as superfícies", afirmou.

"Não é um substituto para a limpeza e a desinfecção regulares, mas protege nos intervalos entre as desinfecções e limpezas", acrescentou.

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A equipe da UA testou um novo revestimento especialmente projetado para agir contra vírus, desenvolvido pela empresa Allied BioScience, que também financiou o estudo.



Os cientistas fizeram os testes com o coronavírus humano 229E, similar em estrutura e genética ao Sars-CoV-2, que causa a COVID-19, mas provoca sintomas brandos de gripe e, portanto, foi mais seguro para usar no experimento.

O revestimento funciona "alterando" as proteínas do vírus - torcendo-o eficazmente, alterando seu formato - e atacando sua camada protetora de gordura.

A substância incolor é borrifada nas superfícies e precisa ser reaplicada de três a quatro meses.

A tecnologia por trás do chamado revestimento auto-desinfetante existe há quase uma década e já tinha sido usada previamente em hospitais para combater a disseminação de infecções, inclusive contra bactérias resistentes a antibióticos.

Um artigo de 2019, escrito por pesquisadores da UA, demonstrou que estes revestimentos reduziram em 36% as infecções hospitalares.

Gerba disse que como professor universitário, ele e seus colegas têm discutido formas para tornar seu ambiente mais seguro para os alunos quando eles retornarem das quarentenas, e os revestimentos antimicrobianos em maçanetas e mesas seriam úteis.

"Há muitos deles sendo desenvolvidos agora mesmo, mas esperamos que estejam prontos quando começarmos a retomar as atividades", concluiu.