Um Airbus A320 da Pakistan International Airlines, que transportava 91 passageiros e 8 tripulantes, caiu ontem em um bairro residencial de Karachi, cidade mais populosa do Paquistão. Funcionários de um hospital disseram que havia 56 mortos confirmados, e pelo menos 2 sobreviventes. As autoridades não informaram se houve vítimas em solo.
Os dois passageiros que sobreviveram foram identificados como Zafar Masood, presidente do Banco do Punjab, um dos maiores do Paquistão, e o engenheiro Muhammad Zubair. De acordo com um porta-voz do banco, o presidente sofreu diversas fraturas, mas estava consciente.
O engenheiro que sobreviveu disse à Geo News que o piloto aterrissou, chegou a tocar brevemente o solo, e decolou novamente. "Depois de mais dez minutos de voo, o piloto anunciou que ia fazer uma segunda tentativa de aterrissagem, então o avião caiu antes de se aproximar da pista", disse Zubair em um leito do Hospital Civil de Karachi.
"Tudo o que eu podia ver em volta era fumaça e fogo", afirmou. "Eu ouvia gritos de todas as direções. Crianças e adultos. Tudo o que eu via era fogo. Não conseguia ver ninguém, somente ouvia seus gritos", lembrou o sobrevivente. "Soltei meu cinto e caminhei em direção a uma luz. Então, pulei de uma altura de mais de 3 metros para me salvar."
Segundos antes do acidente, o piloto disse aos controladores de tráfego aéreo que um de seus motores não estava funcionando, revelou uma gravação postada no liveatc.net, um site de monitoramento da aviação. "Estamos retornando, senhor, perdemos um motor", dizia a gravação divulgada pelo site.
O controlador liberou todas as pistas do aeroporto, mas momentos depois o piloto gritou: "Mayday! Mayday! Mayday!" Não houve mais nenhuma comunicação do avião, segundo a gravação, que não pôde ser imediatamente autenticada. "A última coisa que ouvimos do piloto é que havia algum problema técnico. É um incidente trágico", disse Abdullah Khan, porta-voz da companhia aérea estatal.
Um funcionário de alto escalão da aviação civil disse à agência Reuters que, aparentemente, o avião não conseguiu descer seu trem de pouso na primeira tentativa de aterrissagem, mas destacou que era muito cedo para determinar a causa do acidente.
Segundo a empresa aérea, o voo PK8303 decolou de Lahore e deveria pousar às 14h30 (horário local) em Karachi, mas desapareceu do radar. O acidente ocorreu alguns dias após o Paquistão permitir a retomada dos voos comerciais, em meio à pandemia do novo coronavírus.
Fotos compartilhadas nas redes sociais mostram fumaça subindo do local do acidente. O avião danificou os telhados de algumas casas antes de cair sobre outras e explodir em chamas. Restos da fuselagem retorcida podiam ser vistos entre os prédios, cercados por uma multidão de curiosos.
Entre os passageiros do Airbus A320 estavam vários militares e empresários, um ex-parlamentar e o executivo de uma rede de TV paquistanesa. Funcionários civis e militares trabalhavam na operação de resgate, mas o anoitecer prejudicou o andamento dos esforços para encontrar as vítimas. O marechal Arshad Malik, executivo da companhia aérea, disse em entrevista coletiva que vários corpos estão presos entre os destroços e a operação de resgate pode levar dois ou três dias.
O acidente ocorreu na véspera da celebração muçulmana de Eid al-Fitr, que marca o fim do jejum do Ramadã, quando os paquistaneses viajam para visitar a família. "O avião primeiro atingiu uma torre de celular, depois caiu sobre várias casas", disse Shakeel Ahmed, que testemunhou o acidente a poucos quilômetros do aeroporto. Rizwan Khan, um ativista que ajudava no resgate, disse que pelo menos oito casas foram completamente destruídas. "No começo, tentamos retirar as pessoas, mas não conseguimos por causa do calor intenso", lamentou.
O primeiro-ministro paquistanês, Imran Khan, postou um tuíte no qual disse estar chocado e entristecido com o acidente. Ele falou que, após o trabalho de resgate, será aberta uma investigação para saber as causas da queda. O premiê também enviou condolências à famílias das vítimas.
Histórico
O Paquistão tem um histórico de acidentes aéreos. Em 2010, uma aeronave operada pela companhia aérea privada Airblue caiu perto de Islamabad, matando todas as 152 pessoas a bordo - desastre aéreo com mais mortes da história do país.
Em 2012, um Boeing 737-200 operado pela Bhoja Air, também paquistanesa, caiu em razão do mau tempo, em Rawalpindi, matando todos os 121 passageiros e 6 tripulantes. E, em 2016, um avião da Pakistan International Airlines pegou fogo enquanto voava do norte do Paquistão para Islamabad, matando 47 pessoas. (Com agências internacionais)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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