O presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, anunciou nesta segunda-feira o reforço das medidas sanitárias na cidade de Rivera, no norte do país, na fronteira com o Brasil, onde foi registrado um surto de COVID-19 que causou duas mortes neste fim de semana.
Em entrevista coletiva, o presidente disse que conversou pela manhã com seu colega brasileiro Jair Bolsonaro, para colocar em prática um tratado de ação sanitária binacional já existente.
"Reunimos a aprovação do presidente brasileiro para aplicar esse tratado e, nas próximas horas, o colocaremos em prática", disse, acrescentando que há "preocupação recíproca com o que está acontecendo na fronteira".
Lacalle Pou também informou que os ministérios do Interior e da Defesa adicionarão dois postos migratórios e sanitários aos dois já existentes nos pontos de fronteira para minimizar o tráfego de e para a capital do departamento homônimo - com uma população de mais de 100.000 habitantes.
Além disso, suspendeu-se o início das aulas na cidade, programado para os dias 1 e 15 de junho, e ordenou-se um aumento dos recursos de saúde, como ambulâncias e leitos de terapia intensiva.
Além disso, foram anunciadas inspeções em lojas locais, que por enquanto não foram fechadas.
As medidas estão "focadas no respeito à vida binacional, mas ao mesmo tempo tentando garantir que surtos de contágio não migrem da Rivera para resto do país", disse Lacalle Pou.
Até quinta-feira, cerca de 1.100 testes aleatórios serão realizados na cidade para medir o número de infecções.
A cidade de Rivera registrou 12 casos positivos de coronavírus até domingo, dos quais "cinco pertencem ao mesmo contato", caracterizando um surto, explicou o subsecretário de Saúde José, Luis Sadjian, ao canal 10 neste fim de semana.
As duas mortes por COVID-19 registradas no sábado no Uruguai ocorreram nessa cidade.
O Uruguai tem a epidemia de coronavírus sob "controle relativo", segundo especialistas que aconselham o governo.
O país registra 769 casos, 22 mortes e apenas 129 pessoas com doenças em andamento.
No entanto, a fronteira é o calcanhar de Aquiles, já que a passagem nas cidades fronteiriças com o Brasil permanece aberta para os residentes de ambos os países devido ao caráter "binacional" dessas localidades.
Com 363.211 casos e 22.666 mortes até agora, o Brasil é o país mais afetado na América Latina e o segundo no mundo devido à pandemia de coronavírus, depois dos Estados Unidos.