Sindicatos e outros grupos da sociedade desafiaram as restrições pelo novo coronavírus e organizaram passeatas nesta segunda-feira (25) em várias cidades do Equador contra as últimas medidas econômicas do governo para enfrentar a pandemia.
"Esse protesto é porque o governo está demitindo trabalhadores para deixar de cobrar dos ricos", disse à imprensa o líder Mecías Tatamuez, da Frente Unitária de Trabalhadores (FUT), a maior organização sindical equatoriana.
Sob supervisão policial e sem registrar incidentes, cerca de duas mil pessoas participaram de uma passeata em Quito, agitando bandeiras, carregando cartazes e gritando palavras de ordem contra o governo do presidente Lenín Moreno.
Os manifestantes usavam máscaras e respeitavam a distância recomendada, para evitar a disseminação da COVID-19 que infectou mais de 37.300 pessoas, incluindo 3.200 mortes.
Desde que o primeiro caso da doença foi detectado em 29 de fevereiro no Equador, o governo perdeu cerca de 8 bilhões de dólares devido à paralisação de atividades destinadas a promover o confinamento e impedir a propagação, segundo o executivo.
Moreno, em seu discurso sobre o terceiro ano de seu governo, indicou que desde que a emergência de saúde foi desencadeada pela pandemia, "150.000 postos de trabalho foram eliminados".
Para enfrentar a crise econômica e economizar cerca de 4 bilhões de dólares, o presidente ordenou o fechamento de embaixadas, a redução de pessoal diplomático e a eliminação de empresas estatais.
Reduziu 25% do horário de trabalho dos servidores públicos e, com isso, descontou 16% dos salários.
Além disso, o Congresso equatoriano aprovou uma lei que prevê a redução de até 50% das horas de trabalho e cortes de até 45% dos salários, o que despertou o descontentamento dos sindicatos.
"Não é justo que, no caso de uma pandemia, em que há uma crise humanitária, o governo exonere trabalhadores, aumente e pretenda remover o subsídio ao combustível, reduza o orçamento para a educação", questionou Cristina Sachaguay, psicóloga de 31 anos.
Mobilizações semelhantes ocorreram em outras cidades do país. Em Guayaquil (sudoeste), epicentro local do coronavírus, com cerca de 9.600 casos detectados, centenas de "trabalhadores privados, públicos, do setor petroleiro e desempregados" percorreram várias avenidas da cidade para protestar, segundo Richard Gómez, presidente da Central Unitária dos Trabalhadores (CUT).
Durante as mobilizações, notou-se a ausência do setor indígena, protagonista em outubro de um protesto que obrigou o governo a recuar na retirada dos subsídios aos combustíveis, após doze dias de manifestações violentas.