Os Estados Unidos cancelaram nesta quarta-feira (27) isenções que permitiam projetos vinculados ao programa nuclear civil do Irã, apesar das sanções de Washington.
O país encerrou, assim, seu único compromisso com o acordo internacional de 2015, do qual se retirou em 2018.
"Hoje anunciamos o fim das isenções de sanções para todos os projetos nucleares do Irã", disse o secretário de Estado, Mike Pompeo, em um comunicado.
Com essa medida, os países que mantêm o acordo nuclear com a República Islâmica - Alemanha, França, Reino Unido, China e Rússia - se envolvidos nesses projetos, podem ser sancionados por Washington.
Apesar de sua "campanha de pressão máxima" contra Teerã desde que deixou o pacto, o governo Donald Trump prolongou essas isenções de forma discreta.
Essas licenças diziam respeito, acima de tudo, ao reator de Teerã, destinado à pesquisa, e ao reator de água pesada de Arak, controlado pela comunidade internacional para impedir a produção de plutônio para uso militar.
Pompeo concedeu um prazo final de 60 dias para que "as empresas e entidades envolvidas nessas atividades encerrem suas operações".
O secretário de Estado renovou, porém, por 90 dias a isenção do programa internacional de apoio à central nuclear de Bushehr para "garantir a segurança das operações".
- Uma escalada "inaceitável" -
"Politicamente, essas isenções não eram consistentes com a estratégia de máxima pressão", disse Behnam Ben Taleblu, da Fundação para a Defesa das Democracias, que defende uma atitude de tolerância zero em relação a Teerã.
"As violações do Irã continuam a aumentar, com ou sem isenções", afirmou.
Essa questão gerou nos últimos meses um debate no governo dos EUA sobre a necessidade de sujeitar esses programas, como quase o resto da economia iraniana, a sanções de Washington, impedindo assim que as empresas russas, chinesas e europeias participem dessas atividades.
A postura mais rígida entrou em vigor depois que Teerã se distanciou gradualmente dos termos do pacto sobre seu programa nuclear.
A República Islâmica falhou nos últimos meses em honrar seus próprios compromissos nucleares para protestar contra as sanções americanas que punem sua economia.
O comportamento iraniano levou os outros signatários do acordo (França, Reino Unido e Alemanha) a iniciar um procedimento contra o Irã por violar o texto.
"O regime iraniano continua suas ameaças nucleares", disse Pompeo. "Essa escalada de ações é inaceitável e não posso justificar a renovação das isenções".
"A chantagem nuclear do regime levará ao aumento da pressão sobre o Irã", ameaçou o chefe da diplomacia americana.
Pompeo também colocou o diretor executivo da Organização Iraniana de Energia Atômica, Amjad Sazgar, e o responsável por pesquisar e desenvolver as centrífugas, Majid Aghai, em uma lista negra dos EUA.
As tensões entre Washington e Teerã atingiram o pico no início de janeiro, quando militares americanos mataram o poderoso general iraniano Qasem Soleimani em um bombardeio perto do aeroporto de Bagdá.
O governo Trump agora quer estender o embargo internacional à venda de armas convencionais ao Irã, que expira em outubro.
Teerã alertou que tal medida equivaleria à sentença de morte do acordo do programa nuclear.