A morte de um homem negro em Minneapolis, nos Estados Unidos, causou uma onda de indignação depois da divulgação das imagens onde é possível ver um policial branco ajoelhado sobre o pescoço do detido. George Floyd foi morto asfixiado pelo peso do policial sobre ele. Nas imagens, feitas na última segunda-feira (25), o homem, de 40 anos, reclama diversas vezes: “não consigo respirar”. Inspirados pelo sentimento de justiça, milhares de americanos saíram nas ruas para se manifestar contra o abuso da polícia e o racismo estrutural. Em conversa com o Estado de Minas, a mineira Junia Nogueira, de 33 anos, que faz doutorado em epidemiologia em Minneapolis, onde o crime aconteceu, relata o clima tenso na cidade.
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Policial envolvido em morte de homem negro nos EUA é detidoIncêndio em delegacia nos EUA durante protestos pela morte de homem negro em ação da políciaEUA: manifestantes põem fogo em delegacia em protesto por assassinato de negroIncêndio em delegacia nos EUA durante protestos pela morte de homem negro em ação da políciaManifestantes levam protesto contra morte de George Floyd à Casa BrancaDe acordo com Júnia, apesar das imagens de caos, a maioria das manifestações na cidade são pacíficas. “A maioria dos protestos acontecem no Sul da cidade, e a grande maioria é pacífica e civil. Sinto que existe esse sentimento de indignação. A grande maioria das pessoas são brancas, mas conseguem entender o sistema de opressão em que vivemos”, conta.
Pandemia e manifestações
A epidemiologista se mudou com o marido para os Estados Unidos em 2011 e agora faz doutorado em epidemiologia na Escola de Saúde Publica da Universidade de Minnesota.
Ela compartilha também dados sobre a pandemia do novo coronavírus. De acordo com relato do governo americano, o estado possui 967 mortos e 22,947 infectados. Os Estados Unidos acumulam até a tarde desta sexta-feira (29) 103,460 mortes e 1,766,858 infectados. “Pelo o estado ter menores números, o governador já organiza a reabertura. Apesar disso, as máscaras são obrigatórias”, conta.
Ela compartilha também dados sobre a pandemia do novo coronavírus. De acordo com relato do governo americano, o estado possui 967 mortos e 22,947 infectados. Os Estados Unidos acumulam até a tarde desta sexta-feira (29) 103,460 mortes e 1,766,858 infectados. “Pelo o estado ter menores números, o governador já organiza a reabertura. Apesar disso, as máscaras são obrigatórias”, conta.
Junia também explica que o coronavírus não foi capaz de impedir as manifestações. “As pessoas estão saindo usando máscaras, em grande maioria, mas o isolamento social, este fica um pouco comprometido”, explica. Mesmo assim, ela faz um alerta. "Começamos o isolamento muito cedo, por isso esse clima mais leve e menos casos", explica.
A mineira ainda conta sobre a vida na cidade. De acordo com ela, Minneapolis é uma cidade tranquila, mesmo depois das manifestações. “Eu me sinto segura onde moro. E estou trabalhando de casa, por conta do vírus. Mas é triste, porque o sentimento é igual ao de todo mundo. A justiça precisa ser botada em prática”, afirma.
Marcas do passado
A morte de George Floyd relembrou aos americanos o episódio Eric Garner. O jovem negro morreu a ser preso em 2014, em Nova York. Garner repetiu "Não consigo respirar" 11 vezes. Ele foi preso desarmado, suspeito pela polícia de vender ilegalmente cigarros soltos. A frase "não consigo respirar", repetida por Eric Garner em 2014 antes de morrer, tornou-se um grito de guerra para ativistas que protestam contra brutalidade policial contra negros.Na quinta-feira, a morte de George Floyd motivou protestos em outras cidades norte-americanas, como Nova York. Os manifestantes se reuniram na Union Square, em Manhattan, repetiram a frase "não consigo respirar". Além deste, houve registro de manifestações também em Denver (Colorado), Los Angeles (Califórnia), Chicago (Illinois), Phoenix (Arizona) e Memphis (Tennessee).
Além disso, Derek Chauvin, policial branco envolvido na morte, foi preso em Minneapolis durante a tarde. Segundo informações divulgadas pela BBC, Derek é um dos 4 policiais que foram afastados da corporação após a morte de George Floyd. Vale relembrar que foi ele que foi filmado imobilizando Floyd com o joelho, enquanto ignorava as súplicas da vítima e das testemunhas que assistiram ao assassinato.
* Estagiária sob supervisão da editora Liliane Corrêa