Jornal Estado de Minas

Confrontos em protestos pela morte de homem negro em Minneapolis

Mil agentes adicionais da Guarda Nacional foram mobilizados neste sábado (30) ante os protestos violentos pela morte de um homem negro durante uma ação policial em Minneapolis.

As acusações de assassinato em terceiro grau apresentadas contra o oficial na sexta-feira não foram suficientes para acalmar a revolta dos manifestantes contra o racismo policial, de Nova York a Los Angeles, em uma das piores noites de distúrbios civis nos Estados Unidos em muitos anos.



Pela quarta noite consecutiva foram registrados confrontos entre manifestantes e a polícia na cidade de Minneapolis, além de incêndios e saques.

Na sexta-feira 500 agentes da Guarda Nacional foram mobilizados na cidade e na localidade vizinha de St. Paul.

O comandante da Guarda Nacional de Minnesota, general Jon Jensen, afirmou em uma entrevista coletiva neste sábado que o governador do estado autorizou a mobilização de 1.000 agentes adicionais para ajudar a polícia a controlar a situação.

O estado se tornou o epicentro da violência desde que George Floyd, 46 anos, morreu na cidade de Minneapolis depois que um policial o prendeu e imobilizou por vários minutos ajoelhado sobre seu pescoço.

O policial, Derek Chauvin, foi acusado na sexta-feira por assassinato em terceiro grau, por provocar uma morte de forma involuntária, e homicídio culposo.

A indignação é cada vez maior com a mais recente morte de um afro-americano sob custódia policial. As acusações não conseguiram acalmar uma nação abalada e que acumula profundas feridas pela desigualdade racial.



Em Atlanta, viaturas da polícia foram atacadas e incendiadas em protestos. Em Washington aconteceram confrontos com agentes do Serviço Secreto durante protestos perto da Casa Branca.

O presidente Donald Trump disse que assistiu a "todos os movimentos" que os agentes tomaram. "Não poderia ter me sentido mais seguro", destacou.

Ele escreveu em um tuíte: "Eles deixaram os 'manifestantes' gritarem e reclamarem o quanto quisessem, mas sempre que alguém ficava muito brincalhão ou fora da linha, eles rapidamente avançavam, com força - não sabiam o que os havia atingido".

Os protestos aconteceram em várias cidades, como Boston, Dallas, Denver, Des Moines, Houston, Las Vegas, Memphis e Portland.

- "Caos" -

Na cidade de Minnesota um toque de recolher entrou em vigor na sexta-feira à noite.

Mas os manifestantes, muitos com máscaras para evitar a propagação do coronavírus, permaneceram desafiantes nas ruas, enfrentando a polícia, que usou gás lacrimogêneo para tentar recuperar o controle.



Os saques foram generalizados e afetaram diversas lojas.

Policiais foram baleados pelos manifestantes, afirmou neste sábado o governador de Minnesota, Tim Walz.

Não se trata da morte de George. Não se trata de iniquidades reais. Trata-se de caos", disse.

A opinião não foi compartilhada nas ruas. "Preciso que olhem nos meus olhos e sinta. Isto é dor, isto é dor", afirmou a manifestante Naeema Jakes.

A família de George Floyd, 46 anos, para a qual Donald Trump afirmou que ligou, considerou a detenção do policial um primeiro passo "no caminho da justiça, mas tardia e insuficiente".

"Queremos uma acusação por homicídio doloso com premeditação, e queremos ver os outros agentes (envolvidos) presos", afirma a família em um comunicado.

Chauvin é um dos quatro agentes demitidos da polícia após a divulgação do vídeo que mostra a prisão de Floyd na segunda-feira por supostamente tentar pagar uma loja com uma nota falsa de 20 dólares. O falecido aparece algemado e deitado na rua com o joelho de Chauvin no pescoço por pelo menos cinco minutos.



A Promotoria afirmou que os outros três oficiais na operação também estão sob investigação e acusações devem ser apresentadas contra eles.

Os manifestantes se reuniram do lado de fora da casa de Chauvin, destruída na sexta-feira, com cartazes e gritando o nome de Floyd.

Vários manifestantes repetiram "Não consigo respirar", as palavras de Floyd quando o joelho de Chauvin pressionava seu pescoço.

Trump, depois de atacar os manifestantes e ameaçar com o envio de tropas federais, mudou de tom na sexta-feira e anunciou que ligou para a família de Floyd para expressar sua "dor".

O ex-presidente Barack Obama, primeiro negro a chegar à Casa Branca, afirmou compartilhar a "angústia" de milhões de pessoas pela morte de Floyd e que o racismo "não deveria ser 'normal' nos Estados Unidos de 2020. Não pode ser 'normal'".