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Estado de Minas

Reabertura de escolas gera polêmica no Reino Unido


postado em 01/06/2020 15:30 / atualizado em 01/06/2020 22:23


As escolas do ensino básico começaram a retomar suas atividades na Inglaterra nesta segunda-feira, um passo na flexibilização do confinamento que muitos consideram precipitado, no segundo país do mundo com mais vítimas fatais do novo coronavírus, apesar de a infecção dar sinais de remissão.


O Reino Unido registrava hoje 39.045 mortes confirmadas, 111 em 24 horas. Os números do começo da semana sempre são mais baixos, devido a atrasos nos registros do fim de semana. Ainda assim, este é o menor balanço diário desde o início do confinamento, em 23 de março. "É um progresso importante", assinalou o ministro da Saúde, Matt Hancock, em entrevista coletiva sobre a crise.


Neste contexto, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, está sob pressão para relaxar as restrições, que têm um elevado custo econômico e social. Ele autorizou a partir de hoje reuniões de até seis pessoas ao ar livre e a retomada de competições esportivas. A Liga Inglesa deve ter início no próximo dia 17, a portas fechadas.


Também voltaram a funcionar concessionárias de automóveis e mercados ao ar livre. "Ainda é incipiente, parece que o mercado está, basicamente, acordando", disse Mario Warner enquanto comia com a namorada no mercado londrino turístico de Camden. "Queremos recuperar um pouco da normalidade", comentou John Jellesmark, dono de um dos negócios.


Algumas escolas retomaram as atividades hoje, apenas para crianças de 4 a 6 e de 10 a 11 anos.


- Reticência dos pais -


"São todas mudanças cuidadosamente avaliadas e as levamos muito a sério", afirmou Matt Hancock. Mas as medidas se aplicam apenas à Inglaterra, uma vez que os governos autônomos de Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte seguem os próprios calendários, mais lentos.


Muitos na Inglaterra consideram a reabertura das escolas uma decisão prematura. O Sindicato Nacional de Educação pediu "mais provas e evidências científicas sólidas, e a Associação de Diretores de Escolas está preocupada com os "importantes problemas logísticos" do retorno às aulas.


"Não podemos prometer realmente aos pais que suas crianças permanecerão a dois metros umas das outras o tempo todo", afirmou Bryony Baynes, diretora de uma escola do ensino básico de Worcester (oeste da Inglaterra).


Um estudo da Fundação Nacional de Pesquisa em Educação com 1.200 diretores de escola mostra que quase metade das famílias pretende manter os filhos em casa.


- Ajudar as crianças menos favorecidas -


"Entendo que algumas pessoas não queiram a reabertura das escolas agora. Mas temos que avançar e também temos que garantir que nossos filhos não regridam", argumentou o ministro da Educação, Gavin Williamson, ao jornal "Daily Telegraph"


A comissária para a Infância, Anne Longfield, pediu ao governo que organize escolas de verão (hemisfério norte) para ajudar as crianças desfavorecidas a recuperar o tempo perdido durante os meses de confinamento.


Também reticentes diante deste calendário, governos de vários municípios e condados ingleses pediram que suas escolas não retomem as atividades por enquanto. Até mesmo membros do comitê científico que aconselha o governo expressaram receio. O professor John Edmunds considerou "arriscado" avançar para a etapa seguinte da flexibilização quando o país ainda registra milhares de contaminações por dia.


"Prevemos que a maioria das escolas primárias reabram esta semana, mas todos nós enfrentamos circunstâncias únicas, e algumas podem precisar de mais tempo para se preparar", reconheceu um porta-voz da Downing Street. "É um retorno gradual e cauteloso, durante o qual a frequência irá aumentar com o tempo. Só demos este passo porque acreditamos que é seguro fazê-lo."


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