Um setor minoritário da oposição venezuelana, distanciado do líder legislativo Juan Guaidó, pediu nesta quinta-feira (4) ao Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), de orientação chavista, que escolha novas autoridades eleitorais para as eleições parlamentares programadas para este ano, mas sem data definida.
A escolha da direção do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) corresponde por lei à Assembleia Nacional, o único poder controlado pela oposição na Venezuela. Porém, um grupo de pequenos partidos políticos alega que a disputa entre Guaidó e o deputado Luis Parra pelo controle da Câmara, torna impossível um acordo para nomear essas autoridades.
"Tomamos a decisão de ir à Sala Constitucional (do TSJ) e pedir que seja declarada a omissão legislativa e o prosseguimento na escolha de um novo órgão eleitoral", disse à imprensa Felipe Mujica, líder do Movimento pelo Socialismo(MAS), um dos partidos da oposição contrários a Guaidó.
Como chefe do Parlamento, Guaidó reivindicou em 2019 a presidência interina da Venezuela, com o reconhecimento de cinquenta países liderados pelos Estados Unidos, depois que a maioria opositora no Congresso declarou Maduro "usurpador", acusando-o de reeleição fraudulenta.
Os líderes que apresentaram o apelo ao TSJ nesta quinta-feira começaram as negociações com o governo de Nicolás Maduro em dezembro, sem Guaidó e sem os principais partidos da oposição.
Luis Parra, deputado da oposição que rompeu com Guaidó após acusações de corrupção, proclamou-se em janeiro presidente do Parlamento, com o apoio do chavismo, em uma sessão sem quorum e sem seu adversário.
Guaidó foi bloqueado nos portões do Palácio Legislativo por militares, mas foi reeleito na sede de um jornal por uma centena de congressistas da oposição.
Ambos, desde então, lideram sessões paralelas com legisladores aliados. Mujica sustentou que isso torna impossível alcançar dois terços dos 167 votos possíveis no Parlamento, a base necessária para a nomeação do CNE.
Antes de Parra, membros da oposição e do chavismo iniciaram negociações pelo CNE, sem maiores progressos.
Guaidó disse que é possível que sejam retomadas em meio à pandemia de COVID-19.
Em 25 de março, o TSJ declarou "válida" a mesa diretora de Parra, mas os parlamentares da oposição ratificaram Guaidó como presidente do Parlamento.