Por Florence GOISNARD
"A sensação que eu tenho é que subi 10 andares, não dois", afirma Ricardo Garroux ao chegar quase sem ar ao seu apartamento na Vila Madalena, bairro de São Paulo.
O advogado, de 57 anos, está surpreso com seu estado de saúde relativamente satisfatório, apesar de cansar muito rápido, apenas seis dias depois de receber alta do hospital onde permaneceu duas semanas após ser diagnosticado com a COVID-19.
Leia Mais
Com novo recorde, Minas chega a 344 mortes e 13.995 casos de COVID-19 Mesmo com afrouxamento do isolamento, quantidade de lixo recolhido em Belo Horizonte segue caindoCongonhas enfrenta avanço da COVID-19 e crise intensa no turismoNo pior momento, sua respiração estava tão fraca que ele não conseguia levantar os braços. O tratamento incluiu exames de sangue diários e radiografias do tórax.
"Mas depois de receber o plasma, foi como virar uma página e nada disso aconteceu mais", conta ele.
Ricardo Garroux está convencido de que as transfusões de plasma de pacientes que foram curados foram decisivas em sua recuperação.
Em um vídeo que guarda no celular, pode-se ver Ricardo com os olhos cheios de lágrimas ao ser transferido em uma cadeira de rodas, sob aplausos da equipe médica, da unidade de terapia intensiva para um quarto normal.
"Em alguns dias, passei de 'vou morrer' para 'estou vivo'", relata o advogado, embora sua felicidade tenha sido ofuscada pela morte de sua mãe de 88 anos em outro andar do mesmo hospital.
Ela foi diagnosticada com o novo coronavírus na casa de repouso onde morava há dois anos e seu filho a acompanhou na ambulância até a emergência.
Poucos dias depois, Ricardo começou a sentir os primeiros sintomas da doença - cansaço e náusea - e foi internado na mesma instituição.
"Consegui abraçá-la uma última vez porque já estava contaminado. Senão, não teriam me deixado dizer adeus a ela", lembra ele.
"Pude assistir ao funeral dela, do leito do hospital, pelo WhatsApp", acrescenta.
Após esse mês comovente, Ricardo define a si mesmo como "um sobrevivente", que já não está mais em um grupo de risco.
"É como se tivesse ido no fronte da guerra", ressalta.
O ex-paciente agora quer se tornar um doador de plasma, parte do sangue que contém os poderosos anticorpos que poderiam permitir que outros doentes sobrevivam à pandemia.
Leia mais sobre a COVID-19
Confira outras informações relevantes sobre a pandemia provocada pelo vírus Sars-CoV-2 no Brasil e no mundo. Textos, infográficos e vídeos falam sobre sintomas, prevenção, pesquisa e vacinação.
- Vacinas contra COVID-19 usadas no Brasil e suas diferenças
- Minas Gerais tem 10 vacinas em pesquisa nas universidades
- Entenda as regras de proteção contra as novas cepas
- Como funciona o 'passaporte de vacinação'?
- Os protocolos para a volta às aulas em BH
- Pandemia, epidemia e endemia. Entenda a diferença
- Quais os sintomas do coronavírus?
Confira respostas a 15 dúvidas mais comuns
Guia rápido explica com o que se sabe até agora sobre temas como risco de infecção após a vacinação, eficácia dos imunizantes, efeitos colaterais e o pós-vacina. Depois de vacinado, preciso continuar a usar máscara? Posso pegar COVID-19 mesmo após receber as duas doses da vacina? Posso beber após vacinar? Confira esta e outras perguntas e respostas sobre a COVID-19.