O Líbano precisa de ajuda internacional para sair do colapso econômico, alerta o International Crisis Group (ICG) em um relatório que será divulgado nesta segunda-feira (8), no qual reforça que a ajuda deverá ser condicionada à adoção de reformas até agora ignoradas pelos políticos.
Desde 2019, o país vive uma grave crise econômica, acompanhada de escassez de dólares, de uma forte depreciação da libra libanesa e uma explosão da inflação que mergulhou parte da população na precariedade.
Estas dificuldades foram algumas das causas da revolta popular sem precedentes de outubro contra uma classe política considerada corrupta e incompetente.
"A crise econômica não tem precedentes na história do país", admite o centro de reflexão, que avalia que o "Líbano precisará de ajuda externa urgente para evitar as piores consequências sociais".
O país anunciou em março que estava em default. O governo adotou um plano de estímulo e iniciou negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
"Para obter novo financiamento" e evitar o pior, o "Líbano deve acelerar urgentemente as negociações com o FMI", adverte a instituição.
"Até que não se disponha de um apoio internacional mais substancial, os doadores externos podem ter que aumentar a ajuda humanitária", destaca.
Segundo o ministério libanês das Finanças, mais de 45% da população vive abaixo do limite da pobreza e o desemprego afeta mais de 35% da população economicamente ativa.
No entanto, adverte o ICG, os doadores devem pedir em troca "esforços para eliminar a corrupção e o clientelismo".
As autoridades esperam obter 9 bilhões de dólares do FMI, além dos 11 bilhões de dólares prometidos em 2018 em uma conferência em Paris.
Os recursos de 2018 nunca foram desembolsados devido à falta de reformas.
"O governo atual e qualquer governo posterior terá que realizar uma reforma estrutural e institucional para restabelecer bases sólidas e o sistema econômico e financeiro", recomenda o ICG.
"Para ser exitosa, esta mudança estrutural terá que por fim ao modelo político no qual grupos corruptos que agem em benefício próprio se apropriam e redistribuem os recursos do Estado", conclui.