Um sistema de votação pela internet aprovado em três estados americanos é vulnerável a ataques de hackers e pode não proteger o voto secreto, segundo uma análise feita por pesquisadores da área de segurança.
Cientistas do Massachusetts Institute of Technology (MIT) e da Universidade do Michigan afirmam em estudo divulgado neste domingo que o sistema, chamado Democracy Live's OmniBallot, representa "um grave risco para a segurança das eleições e poderia permitir que hackers alterassem os resultados sem serem detectados".
O relatório é divulgado no momento em que políticos lutam para que se permita o voto à distância nas eleições presidenciais de novembro, a fim de limitar os riscos de transmissão do novo coronavírus nas seções eleitorais.
Segundo os autores do estudo, o OmniBallot foi aprovado como opção em Delaware, Virgínia Ocidental e Nova Jersey.
Outros especialistas em segurança já haviam alertado para os riscos das votações pela internet, insistindo na dificuldade em assegurar a autentificação do eleitor enquanto se garante o voto secreto e se evitam as fraudes e as intimidações.
As advertências coincidem com um debate inflamado sobre a necessidade de se ampliar a votação pelos correios, sistema mais usado para o voto à distância, uma possibilidade que não conta com o apoio do presidente Donald Trump.
Segundo o MIT e os pesquisadores de Michigan, o "OmniBallot usa um enfoque simplista para a votação pela internet, que é vulnerável à manipulação da votação por malwares instalados no aplicativo dos eleitores".
Os autores do estudo afirmam, ainda, que o sistema "parece não contar com uma política de privacidade e recebe informações sensíveis de caráter pessoal, incluindo a identidade dos eleitores e suas digitais, que poderiam ser usados para enviar aos mesmos propaganda política ou em campanhas de desinformação".
Os pesquisadores pedem, portanto, que os eleitores evitem usar o OmniBallot e recorram ao voto pelos correios, que costuma ser mais seguro.
O diretor-executivo da Democracy Live, Bryan Finney, disse que a OmniBallot foi usado principalmente para eleitores portadores de deficiências e para militares no exterior.
"Em centenas de eleições desde 2008, mais de 90% dos usuários do OmniBallot imprimem e enviam uma cédula", disse Finney. "Em mais de uma década de implementações, o sistema nunca foi comprometido".