O governo chinês ordenou neste sábado (13) o confinamento imediato de 11 áreas residenciais de Pequim, onde foram detectados dezenas de casos de coronavírus, uma pandemia que continua a assolar o Brasil, que se tornou o segundo país em número de mortos, com mais de 42.700 mortes.
As autoridades chinesas relataram seis casos de infecção local, a maioria ligada ao mercado de carne de Xinfadi, localizado no distrito de Fengtai, ao sul de Pequim, e que foi fechado.
Porém, testes de diagnóstico realizados em cerca de 2.000 profissionais do mercado mostraram que havia pelo menos 45 outros casos de infectados assintomáticos, que estão sob vigilância médica.
Centenas de policiais foram vistos por jornalistas da AFP perto do mercado em um "dispositivo semelhante a tempos de guerra", segundo as autoridades municipais.
Na sexta-feira, as autoridades chinesas adiaram a reabertura das escolas primárias na capital e suspenderam todos os eventos esportivos devido ao aparecimento dos três primeiros casos, depois de dois meses sem que nenhuma infecção por COVID-19.
Esses contágios suscitam temores de uma segunda onda pandêmica no país, onde o vírus surgiu em dezembro, na cidade de Wuhan (centro).
As autoridades conseguiram controlar a epidemia no país graças a um confinamento estrito e as medidas foram levantadas à medida que o número de infecções diminuía.
Também se teme uma segunda onda nos Estados Unidos, o país mais castigado pela COVID-19, com mais de 114.000 mortes, onde vários estados que retomaram suas atividades em abril registram um número significativo de novos casos.
- Avanço sustentado no Brasil -
Em todo o mundo, o novo coronavírus deixou mais de 427.500 mortos e 7,7 milhões de infecções confirmadas, segundo um balanço da AFP.
Mas os números reais podem ser muito superiores devido à falta de testes de diagnóstico em muitos países, segundo especialistas.
Os casos declarados dobraram desde 7 de maio e as mortes, no último mês e meio.
A Europa é o continente com o maior número de infecções (mais de 2,3 milhões, 30% do total), mas é na América Latina e no Caribe onde o coronavírus progride mais rapidamente: na sexta-feira, foram registrados mais de 55.000 casos, 40% do número total de infecções confirmadas naquele dia.
Na América Latina, os casos diagnosticados excederam 1,5 milhão e os mortos se aproximaram de 76.000.
O Brasil, com 42.720 mortos e 850.514 casos por coronavírus, se tornou na sexta-feira o segundo país mais afetado do mundo, depois dos Estados Unidos.
Entretanto, em mortes por milhão de habitantes, o panorama no Brasil é menos dramático: 199, comparado a 344,5 nos Estados Unidos e 611 no Reino Unido.
"A situação no Brasil é preocupante, todos os estados estão afetados. O sistema de saúde ainda não está em colapso, mas há regiões onde a saturação nos serviços de terapia intensiva está prestes a ser alcançada", disse Mike Ryan, diretor das questões de urgência sanitária na Organização Mundial da Saúde (OMS).
O México, o segundo país mais afetado da América Latina, registrou 5.000 novos casos na sexta-feira, um recorde diário neste país onde 16.448 pessoas já morreram e mais de 139.000 foram infectadas.
No Chile, que também registrou seus piores números diários na sexta-feira, o ministro da Saúde, Jaime Mañalich, renunciou ao cargo no sábado em meio a questionamentos pela resposta à pandemia e a dúvidas geradas pela mudança de metodologia na contagem de casos sobre o número real de mortes no país. Até agora, 3.101 pessoas morreram por COVID-19.
O Peru, que ultrapassa o México com 220.749 casos, parece começar a sair do surto, informaram as autoridades de saúde neste sábado, alertando que isso não significa baixar a guarda contra a doença.
A situação na América Latina levanta a questão de saber se o vírus SARS-CoV-2, responsável por essa pandemia, enfraquece com a chegada do calor, como acontece com outros.
"À medida que o inverno austral se aproxima, Argentina, Chile, o sul do Brasil ou a África do Sul testemunham forte crescimento epidêmico", apontou o epidemiologista Antoine Flahault, chefe do Instituto de Saúde Global da Universidade de Genebra.
- Polêmica na Espanha -
Depois de três meses isolados, os europeus vão recuperar, a partir de segunda-feira, a possibilidade de viajar com mais facilidade dentro do continente.
No entanto, cada país aplicará suas regras e restrições e os turistas deverão examinar atentamente o mapa antes de fazer as malas.
A Itália, por exemplo, já abriu suas fronteiras para países europeus desde 3 de junho, outros como França e Grécia restabelecerão a livre circulação para países europeus na segunda-feira e há casos, como a Espanha, que vão esperar até 1º de julho.
Precisamente na Espanha, um dos países mais afetados pela pandemia, com mais de 27.000 mortes, as suspeitas e as críticas aumentam, uma vez que as autoridades mantêm o balanço de mortes "congelado" desde 7 de junho.
As discrepâncias nos números totais e nos métodos de contagem das diferentes regiões explicariam essa lacuna de informação que aumenta a incerteza da população sobre o número real de mortes.
Neste sábado o Papa Francisco convidou a humanidade a "estender a mão aos pobres", criticando o "cinismo" e a "indiferença".
"Nestes meses, em que o mundo inteiro foi dominado por um vírus que causou dor e morte, desânimo e perplexidade, quantas mãos estendidas conseguimos ver!", disse, mais uma vez prestando homenagem aos médicos, enfermeiras, farmacêuticos, voluntários e padres que arriscaram suas vidas.
E no mundo dos esportes, os fãs de futebol puderam assistir Barça neste sábado e acompanhar o Real Madrid no domingo. A Liga Espanhola está de volta, mas sem o calor do público nas arquibancadas.