Jornal Estado de Minas

Repórteres sem Fronteiras destaca 'heróis da informação' na pandemia

A organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) divulgou nesta segunda-feira (15) uma lista de 30 jornalistas, meios de comunicação e denunciantes que contribuíram para salvar vidas durante a pandemia da COVID-19 - em alguns casos, pagando um preço muito alto.



Oriundos de todos os continentes, esses "heróis da informação" se distinguem por sua luta pela liberdade de imprensa em um momento de crise excepcional, conforme o relatório da RSF.

Os jornalistas publicaram informações confiáveis sobre a gravidade da pandemia, denunciando falhas na gestão das autoridades de seus países, "contribuindo, assim, para resistir à censura e lutar contra a desinformação galopante que põe a saúde das populações em risco", ressalta a organização, com sede em Paris.

Vários desses profissionais pagaram muito caro por seu combate pela verdade, sendo vítimas de represálias, como agressão, assédio, prisão e ameaças.

Entre esses heróis, a RSF elogia especialmente o trabalho do médico chinês Li Wenliang, "que foi o primeiro a alertar o mundo sobre o início de uma clara epidemia", e o advogado Chen Qiushi, que, em seu blog, "descreveu o caos que reinou nos hospitais de Wuhan.

"O primeiro sucumbiu à COVID-19. O segundo foi forçado a passar por uma quarentena e nunca mais reapareceu", lembra a Repórteres Sem Fronteiras.

Também se destacam o cartunista Ahmed Kabir Kishore, que pode ser condenado à prisão perpétua em Bangladesh por suas charges denunciando corrupção, e o repórter Vijay Vineet, exposto a seis meses de prisão na Índia por "revelar que as restrições de confinamento levaram crianças famintas a se alimentarem de forragem para gado".

A RSF também elogia iniciativas contra a desinformação, como o "gabinete de crise" criado pela imprensa brasileira para informar as populações desfavorecidas das favelas sobre a COVID-19; a rede Wayuri, que faz o mesmo trabalho para as comunidades indígenas da Amazônia; bem como a rádio marfinense Wa FM e o site togolês TogoCheck.

A organização também destaca o calvário dos jornalistas equatorianos em Guayaquil, dos quais 13 morreram com o novo coronavírus.

Por fim, a ONG menciona Chris Buckley, correspondente do jornal "The New York Times" em Pequim, cujo visto não foi renovado "pela primeira vez em 24 anos".