Jornal Estado de Minas

VACINA

COVID-19: vacina britânica inovadora começará a ser testada em humanos

O Imperial College de Londres, na Inglaterra, anunciou que iniciará, ainda nesta semana, os testes em humanos de uma vacina contra a COVID-19. A expectativa dos pesquisadores é que, caso seja aprovado, o produto comece a ser distribuído entre março e junho de 2021.




Nas próximas semanas, 300 pessoas receberão duas doses da vacina. Esta fase é considerada crucial para atestar a segurança e a eficácia do produto.

Se os resultados imunológicos forem considerados satisfatórios, um novo grupo de 6 mil voluntários participará de uma nova etapa dos testes ainda este ano.

Em comunicado divulgado à imprensa, a universidade garante que a vacina passou por “rigorosos testes de segurança pré-clínicos”, além de ter se mostrado “segura” e produzido “encorajadores sinais de resposta imunológicas eficazes” em animais.

Abordagem inovadora


O estudo do Imperial College utiliza uma técnica inovadora, que pode revolucionar o processo de produção de vacinas e permitir que cientistas reajam mais rapidamente ao surgimento de novas doenças.



Tradicionalmente, vacinas são produzidas a partir de versões fragilizadas ou modificadas de um vírus, que, introduzidas no ser humano, geram respostas imunológicas satisfatórias, por meio de anticorpos.

Desta vez, os pesquisadores britânicos apostam numa estratégia diferente, baseada em tecnologia de autorreplicação de um código genético (RNA) produzido sinteticamente a partir do material original do vírus.

Uma vez injetada a vacina, o RNA se replica e instrui as células do próprio corpo humano a fazerem cópias de uma proteína encontrada na parte exterior do vírus. Os cientistas esperam que esse processo “ensine” o sistema imunológico a responder satisfatoriamente ao coronavírus no futuro.



“De uma perspectiva científica, novas tecnologias significam que conseguimos avançar em busca de uma potencial vacina com velocidade sem precedentes. Nós conseguimos produzir a vacina do zero e levá-la aos testes humanos em poucos meses, o que nunca antes havia ocorrido com esse tipo de vacina. Se nosso método funcionar e a vacina mostrar efetiva proteção contra a doença, isso poderia revolucionar a forma como respondemos a surtos no futuro”, disse Robin Shattock, chefe do estudo, em comunicado do Imperial College à imprensa.

A pesquisa recebeu 41 milhões de libras (cerca de R$ 267 milhões) do governo britânico, além de 5 milhões de libras (R$ 32,6 milhões) em doações filantrópicas.