Pessoas infectadas pelo novo coronavírus que não desenvolveram sintomas da doença podem ter uma resposta imunológica mais fraca do que aquelas que adoeceram, sugerem pesquisadores chineses na revista Nature Medicine.
Os pesquisadores alertam, portanto, sobre os riscos da implementação de "passaportes de imunidade" que garantam a proteção de seus titulares contra a doença.
O estudo descreve no plano imunológico e clínico o caso de 37 pessoas sem sintomas cuja a infecção foi diagnosticada por um teste virológico nasofaríngeo no distrito de Wanzhou (no município de Chongqing, sudoeste da China) antes de 10 de abril de 2020.
Entre os 37 pacientes assintomáticos identificados em um grupo de 178 pessoas infectadas com o novo coronavírus, 22 eram mulheres e 15 homens, com idades entre 8 e 75 anos (idade média: 41 anos).
O autor, Ai-Long Hua, da Universidade Médica de Chongqing e seus colegas, descobriram que esses pacientes, isolados no hospital, tiveram uma duração média de excreção viral de 19 dias, em comparação com 14 dias em 37 pacientes que apresentavam sintomas (febre, tosse, dificuldades respiratórias).
Essa duração da excreção não significa, no entanto, que eles possam contagiar outras pessoas, o que ainda precisa ser avaliado, segundo os autores.
Oito semanas após a alta hospitalar, os níveis de anticorpos neutralizantes, que a priori dão imunidade ao vírus, diminuíram 81,1% nos pacientes sem sintomas, em comparação com 62,2% nos pacientes com sintomas.
Para explicar melhor a resposta imune, os pesquisadores mediram algumas substâncias (citocinas e quimiocinas) no sangue e observaram seus baixos níveis em pacientes assintomáticos, mostrando uma resposta antiinflamatória reduzida.
Esses dados, bem como análises anteriores de anticorpos neutralizantes, destacam os riscos potenciais do uso de "passaportes de imunidade" e, portanto, eles defendem a aplicação continuada de medidas preventivas comuns de saúde.