A comunidade internacional, com exceção dos Estados Unidos, contestou nesta quarta-feira no Conselho de Segurança da ONU o projeto de Israel de anexar parte da Cisjordânia, pela qual os palestinos exigem sanções.
Durante uma videoconferência envolvendo vários ministros, os chefes das Nações Unidas e da Liga Árabe exigiram em uníssono que Israel "abandone seus planos", que podem "acabar com os esforços internacionais em favor da criação de um Estado palestino viável".
O objetivo deve permanecer "dois Estados - Israel e um Estado Palestino independente, democrático, homogêneo, soberano e viável, vivendo lado a lado em paz e segurança dentro de fronteiras reconhecidas, com base nas linhas definidas em 1967, com Jerusalém como capital dos dois Estados", afirmou o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres.
Sua posição se afasta do plano dos Estados Unidos para o Oriente Médio, que reconhece Jerusalém como a capital de Israel, e prevê um Estado palestino pequeno e fragmentado.
Em Washington, o chefe da diplomacia dos EUA, Mike Pompeo, respondeu que a possível anexação de regiões inteiras da Cisjordânia ocupada trata-se de uma "decisão que os israelenses devem tomar", o que representa um aval para Israel.
Durante a reunião do Conselho de Segurança, a grande maioria dos participantes alertou sobre o risco de qualquer tipo de anexação.
Em uma declaração conjunta, sete países europeus - Alemanha, Estônia, Bélgica, França, Noruega, Irlanda e Reino Unido - enfatizaram que essa ação "compromete seriamente o reatamento das negociações".
"De acordo com o direito internacional, uma anexação teria consequências para nossas relações estreitas com Israel e não seria reconhecida por nós", disseram, sem mencionar a possibilidade de sanções.
O secretário-geral da Liga Árabe, Ahmed Abul Gheit, disse que a anexação "destruirá todas as perspectivas de paz futura" e ameaçará a estabilidade regional.
Qualquer anexação de territórios palestinos ocupados por Israel seria "um crime", disse o chefe da diplomacia palestina, Riyadh al Malki, que alertou para "repercussões imediatas" se esses planos se concretizarem.
"A anexação não é apenas ilegal. É um crime", disse Al Malki ao Conselho de Segurança. Todo mundo fala sobre uma "encruzilhada", mas o problema é que Israel é "infelizmente o motorista" e não quer parar diante de um "sinal vermelho", comparou.
"Israel deve saber que uma anexação terá repercussões imediatas e tangíveis", afirmou. "É por isso que instamos a comunidade internacional a tomar medidas efetivas, incluindo sanções, para deter Israel", afirmou Al Malki, que alertou que os palestinos podem recorrer à Corte Internacional de Justiça (CIJ).
O governo israelense de Benjamin Netanyahu planeja anunciar a partir de 1º de julho a estratégia de implementar um plano na região promovido pelos Estados Unidos. O projeto pode incluir a anexação a Israel de colônias judaicas e do vale do Jordão, na Cisjordânia.