Ativistas homossexuais mexicanos exigiram justiça aos crimes de ódio neste sábado (27), durante uma maratona digital que substituiu a tradicional marcha anual do Orgulho Gay, cancelada pela pandemia do novo coronavírus.
"Pensamos hoje particularmente naquela pessoas lésbicas, gays, travestis, transgêneros e intersexuais que foram assassinadas por sua orientação, identidade ou expressão de gênero", disseram os organizadores da "42ª Marcha do Orgulho LGBTTTI+ Digital" ao início do evento, transmitido por várias plataformas.
Sob o lema "Alerta por nossos direitos e não ao retrocesso", os ativistas advertiram que o ano passado foi "muito violento para a população LGBTTTI+".
"A cada três dias do ano (de 2019) uma pessoa foi assassinada e apenas 10% destes assassinados foram considerados, investigados e punidos como crimes de ódio", acrescentou o comunicado.
Este ano, em 18 de junho foi encontrado o corpo de Maria Elizabeth Montaño, médica transgênero de 47 anos e ativista, em uma rodovia da periferia da Cidade do México.
Em 24 de março, no início do confinamento, Naomi Nicole, prostituta transexual de 25 anos, foi assassinada a tiros no centro da capital.
Para realizar, apesar da pandemia, a celebração do Orgulho Gay, que todos os anos lota as principais avenidas da Cidade do México com carros alegóricos coloridos e discotecas ambulantes, os organizadores da "marcha digital" convidaram simpatizantes a se filmar caminhando, cantando ou dançando em casa e divulgar as imagens no Instagram ou no TikTok com a hashtag #ElOrgulloPermance ("O orgulho permanece").
Entre os milhares de vídeos, fotos e mensagens publicadas, destaca-se a imagem de um homem caminhando sorridente de um extremo a outro de sua casa vestindo batina e com uma cruz pintada com as cores do arco-íris.
Em outra é possível ver um bebê sorrindo com uma calça branca com franjas nas cores da bandeira do movimento gay. "Tua existência é fruto da resistência e da resiliência", diz a legenda que acompanha a imagem.
No entanto, 200 pessoas marcharam na avenida Reforma, rompendo o isolamento imposto pela pandemia, que deixou no país de 127 milhões de habitantes 208.400 contagiados e quase 25.800 mortos.
Na Cidade do México o casamento entre pessoas do mesmo sexo é legal há dez anos e desde 2015 é reconhecida a mudança de identidade nas certidões de nascimento.
A comunidade homossexual exige os mesmos direitos de registro de identidade para crianças transexuais, a plena regularização do direito à adoção para casais gays e homologar as legislações nos diferentes estados do país.