A companhia aérea chileno-brasileira LATAM anunciou nesta quinta-feira (9) a obtenção de um financiamento no valor de 1,3 bilhão de dólares de um fundo de investimentos americano, o que lhe permitiria enfrentar a crise causada pela pandemia do novo coronavírus e não recorrer a ajuda estatal.
O aporte bilionário foi prometido pela Oaktree Capital Management, com o que a empresa completa o primeiro passo da proposta de financiamento apresentado em uma corte de Nova York sob a lei americana de Falências, cujo capítulo 11 permite às empresas se reestruturarem em momentos difíceis enquanto mantêm suas operações.
"Hoje, o grupo LATAM deu um grande passo para assegurar sua continuidade operacional", declarou Roberto Alvo, CEO do LATAM Airlines Group, em um comunicado.
O novo financiamento se soma aos 900 milhões de dólares prometidos pela Qatar Airways e as famílias Cueto e Amaro, principais acionistas da companhia.
O plano da LATAM abre a possibilidade de buscar financiamento adicional de 250 milhões de dólares no Chile.
Os recursos já obtidos "completam o financiamento requerido pelo grupo LATAM no contexto da crise da COVID-19, pelo que espera que não seja necessário requerer apoio financeiro de parte dos governos", acrescentou a companhia em um comunicado.
A Justiça americana ainda deve aprovar a proposta total de financiamento para sua execução.
- LATAM Brasil em recuperação judicial -
A LATAM informou, ainda, que sua filial no Brasil entrou nesta quinta-feira em recuperação judicial, o que lhe permite continuar operando enquanto reorganiza suas finanças.
A filial da empresa chileno-brasileira se somou, assim, a pedidos apresentados em maio perante um tribunal de Nova York por suas pares de Chile, Colômbia, Equador, Estados Unidos e Peru, gravemente afetadas pela crise do setor aéreo mundial devido à pandemia do novo coronavírus.
"A LATAM continuará voando. Não haverá impacto sobre as operações de carga, reservas, vouchers ou milhas e pontos da LATAM Pass", destacou a empresa.
Segundo a imprensa brasileira, a expectativa inicial era que se manter à margem da iniciativa de outras filiais perante o tribunal nova-iorquino facilitaria a negociação para obter uma linha de crédito de emergência por parte do banco de fomento BNDES. Mas isto não ocorreu, enquanto a situação do setor aéreo continuou se deteriorando.
"A LATAM Airlines Brasil continuará avançando com as negociações com o BNDES", informou a empresa.
A filial brasileira da maior companhia aérea latino-americana tem uma dívida de 7 bilhões de reais (1,3 bilhão de dólares), principalmente com empresas de leasing de aviões e com bancos, segundo informações do jornal econômico Valor. Mas a cifra chega a 13 bilhões de reais (2,4 bilhões de dólares) se forem consideradas as passagens pendentes e outras provisões.
Atualmente, apenas a LATAM Paraguai não recorreu ao Capítulo 11 da lei americana de Falências, enquanto a LATAM Argentina anunciou no mês passado a suspensão por tempo indeterminado de suas operações.
A pandemia levou a LATAM a suspender 95% de suas operações internacionais desde março e a reduzir seus voos locais. Mas a partir de junho, começou a retomar gradativamente suas operações tanto nacionais quanto internacionais.
A companhia aérea cortou mais de 2.000 postos de trabalho.
Antes da pandemia, a LATAM voava para 145 destinos em 26 países. Tinha mais de 42.000 funcionários e operava aproximadamente 1.400 voos diários, transportando mais de 74 milhões de passageiros ao ano.