A Disney reabriu neste sábado (11) dois de seus parques na Flórida, apesar da aceleração da pandemia neste estado e em várias regiões dos Estados Unidos, bem como no Brasil, onde os contágios passam de 1,8 milhão e as mortes superam as 71.000.
Enquanto isso, especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) preparam em Pequim uma missão para esclarecer a origem da crise sanitária que abala o mundo desde que o vírus surgiu na China, em dezembro do ano passado.
Até agora, a COVID-19 causou ao menos 561.551 mortes em todo o mundo, segundo um balanço da AFP com base em fontes oficiais. Além disso, foram contabilizados mais de 12 milhões de contágios em 196 países ou territórios.
A reabertura dos parques Disney World, Magic Kingdom e Animal Kingdom ocorre após quatro meses de fechamento e depois que foram registrados na Flórida 10.383 novos casos em 24 horas, perto do pico alcançado em 4 de julho (11.458), e outras 95 mortes.
Os outros dois parques temáticos da gigante do entretenimento voltarão a receber visitantes a partir de quarta-feira.
As medidas de segurança incluem medição da temperatura na entrada, uso obrigatório de máscaras, dispensadores de álcool em gel e distanciamento de dois metros entre as pessoas nas atrações e nas lojas.
Mas as críticas têm se multiplicado nas redes sociais. No estado do sudeste, governado pelo republicano Ron DeSantis e um dos mais afetados pela pandemia nos últimos dias, o desconfinamento ocorreu em maio, antes de outros estados do país, contrariando as recomendações dos especialistas.
A recidiva se repete em outras regiões, como na Geórgia, onde a prefeita de Atlanta, Keisha Bottoms, ordenou na sexta-feira a volta para a fase 1 de confinamento, após ter reaberto as atividades na cidade.
Os Estados Unidos se mantêm de longe como o país mais afetado pela pandemia. Neste sábado, o país registrou um novo recorde diário, com 66.528 novos casos, segundo contagem divulgada às 21h30 de Brasília pela Universidade Johns Hopkins, elevando o total de infectados a 3.242.073 e o de mortos a 134.729, com 760 novos óbitos em 24 horas.
Anthony Fauci, especialista assessor da Casa Branca na crise sanitária, reiterou as advertências de que o surto se agrava diante da falta de uma estratégia coerente.
Alvo de críticas pela gestão da pandemia, o presidente Donald Trump apareceu usando uma máscara em público pela primeira vez neste sábado, durante visita a veteranos feridos no hospital militar Walter Reed, nos arredores de Washington.
- Missão em Pequim -
Um epidemiologista e um especialista em saúde animal da OMS se reunião nos próximos dias com autoridades chinesas e vão preparar o caminho para uma futura missão que visa a esclarecer, por exemplo, se o novo coronavírus infectou o homem a partir de um animal e se usou pelo caminho um animal intermediário.
A missão tentará completar o quebra-cabeça indispensável para saber o que aconteceu na cidade chinesa de Wuhan, onde o vírus surgiu, e como evitar uma nova pandemia, explicou esta semana a porta-voz da OMS, Margaret Harris.
A iniciativa foi elogiada pelos Estados Unidos, críticos da OMS pela gestão da pandemia, razão que alegou para decidir deixar a instituição.
Enquanto isso, laboratórios de todo o mundo seguem buscando uma solução.
A OMS conta um total de 21 candidatas a vacinas que estão sendo avaliadas em testes clínicos com seres humanos em diferentes países (contra 11 em meados de junho). Um terço destes testes é realizado na China.
Um dos testes mais avançados é o projeto chinês do laboratório Sinovac, em associação com o instituto de pesquisas Butantan, de São Paulo.
Por volta de 20 de julho, o governo paulista começará a testar a vacina da Sinovac em 9.000 voluntários.
Neste sábado, o bilionário fundador da Microsoft, Bill Gates, que fez grandes doações para ajudar no combate a epidemias, pediu a distribuição de remédios e vacinas a quem precisar e não a quem pagar mais.
Se não se fizer desta maneira, "teremos uma pandemia mais longa, mais injusta e mais mortal", advertiu.
- América Latina, entre mortes e reabertura -
América Latina e Caribe totalizam uns 141.000 falecidos e mais de 3,2 milhões de contagiados. O Brasil, o país mais castigado pela pandemia na região, totaliza 1.839.850 infectados e 71.469 óbitos.
Em 24 horas, foram registrados no país 1.071 novos óbitos e 39.023 novos casos.
No sul do país, as Cataratas do Iguaçu, uma das maravilhas naturais do mundo na fronteira entre o Brasil e a Argentina, reabriram parcialmente neste sábado apenas para moradores do lado argentino, após cem dias interditadas pela pandemia.
"Essa reabertura indica esperança e o começo de uma nova etapa pela qual estamos passando no contexto da pandemia global", afirmou a repórteres Claudio Filippa, prefeito da cidade de Puerto Iguazú, onde ao redor estão as cataratas.
Isso apesar de a Argentina também ter amargado cifras recorde nos últimos dias.
No Brasil, o presidente Jair Bolsonaro, infectado com a COVID-19, diz se sentir bem e a doença não parece ter mudado sua forma desafiadora de encarar a pandemia.
Além de Bolsonaro, a presidente interina da Bolívia, Jeanine Áñez, também testou positivo para o novo coronavírus. Ela se encontra estável, sem sintomas e permanece isolada.
Na Venezuela, onde o número dois do chavismo, Diosdado Cabello, e outras autoridades confirmaram estar infectados, informou-se neste sábado que 160 membros da Força Armada contraíram a doença.
O Peru, segundo país latino-americano mais afetado pela COVID-19, superou neste sábado os 320.000 casos e os doentes hospitalizados beiram os 12.000, um recorde onze dias depois do início do desconfinamento para reativar a economia paralisada.
Os mortos no país, que passam de cem por dia, chegaram a 11.682.
O Equador, outro dos países latino-americanos mais impactados pela pandemia, superou os 5.000 óbitos. A Colômbia também passou dos 5.000 falecimentos registrados. E o Chile passou das 11.000 mortes, somando casos confirmados por exame PCR e prováveis.
Enquanto isso, na Europa, o progressivo desconfinamento convive com recidivas isoladas.
O medo do contágio e a necessidade de manter distanciamento físico levaram alguns cidadãos a optarem por tirar férias diferentes.
Na Alemanha, por exemplo, foram emplacados 10.000 novos 'motor homes' em maio, um aumento de 32% com relação ao ano passado.