Jornal Estado de Minas

Justiça iraniana confirma pena de morte para três manifestantes de 2019

A autoridade judicial iraniana confirmou nesta terça-feira (14) a pena de morte para três acusados de roubos, incêndios e excessos durante as manifestações de novembro de 2019 contra o aumento do preço da gasolina.

A pena de morte "foi confirmada pelo Supremo Tribunal após apelação dos advogados dos réus", disse o porta-voz do sistema judicial, Gholamhosein Esmaili, citado pelo site oficial Mizan Online, mas sem informar a identidade dos condenados, ou a data da primeira condenação.



O porta-voz disse que eles foram detidos quando estavam cometendo "assalto à mão armada" e foram encontradas evidências em seus celulares de que haviam incendiado bancos, prédios públicos e ônibus durante os protestos.

Em 15 de novembro de 2019, um movimento de protesto estourou quando um forte aumento no preço da gasolina no Irã foi anunciado, em meio a uma crise econômica.

Delegacias foram atacadas, lojas saqueadas, bancos e postos de gasolina incendiados e, em seguida, as autoridades impuseram uma interrupção da Internet por uma semana.

"Filmaram tudo (...) e enviaram para agências de imprensa estrangeiras", disse Esmaili.

"Dessa forma, foi determinado que esses criminosos armados foram os bandidos que cometeram esses crimes durante os distúrbios. Eles mesmos forneceram as melhores evidências", acrescentou.

Os advogados dos réus rejeitaram a sentença e observaram que a defesa não teve acesso a esses arquivos.

Segundo o advogado Mostafa Nili, os três participaram dos protestos de novembro, "porque suas vidas foram afetadas pelo alto preço da gasolina".

Nili garantiu que a defesa solicitará um novo julgamento, já que os três condenados "insistem em que não cometeram sabotagem, incêndio, ou tumulto", e que "não há documento que possa provar" os crimes.

Washington afirma que houve mais de mil mortes na repressão dos protestos. Um grupo independente que trabalha para a ONU menciona 400 óbitos, e as autoridades de Teerã, 230.